Efeito agudo da deltametrina em respostas enzimáticas e na descarga do órgão elétrico de Microsternarchus cf. bilineatus (Gymnotiformes, Hypopomidae)
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11441 http://lattes.cnpq.br/9605129288557760 |
Resumo: | O inseticida deltametrina (DT) é um piretróide bastante utilizado no controle de pragas na agricultura. Com o aumento do consumo de agrotóxicos no Brasil, estes químicos podem alcançar os ecossistemas aquáticos por lixiviação e escoamento, possibilitando riscos de exposição da biota aquática. Muitos trabalhos avaliam o efeito de agrotóxicos em espécies de peixes com o auxílio de biomarcadores bioquímicos. A Glutationa-S-transferase (GST) é uma enzima chave na biotransformação de fase II de xenobióticos em peixes e a acetilcolinesterase (AChE) é uma enzima que tem papel fundamental na manutenção dos impulsos nervosos, sendo escolhida como biomarcador neste trabalho devido à característica neurotóxica da DT. A espécie utilizada no presente trabalho foi o peixe elétrico Microsternarchus cf. bilineatus, pertencente à ordem Gymnotiformes. Estes peixes têm como característica principal a capacidade de gerar descargas elétricas e usá-las para perceber o ambiente ao seu redor. Devido a essa característica, é proposto na literatura o uso destes peixes como biomonitores de qualidade de ambiente em tempo real. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade da DT em Microsternarchus cf. bilineatus. A toxicidade foi avaliada a partir da determinação da concentração mediana letal (CL50-96h) da DT para esta espécie. Estimativas das atividades da enzima GST e AChE foram avaliadas em experimento in vitro e in vivo em tecidos muscular, nervoso e no fígado de indivíduos expostos a DT. Em um segundo momento verificou-se o efeito de diferentes concentrações de DT em parâmetros da descarga do órgão elétrico (DOE) destes peixes. Também foram avaliadas as atividades das enzimas GST e AChE no mesmo experimento. No ensaio da CL50, a concentração letal de DT estimada para a espécie foi igual a 2,1 μg L-1, refletindo uma alta toxicidade deste inseticida para a espécie estudada. Um aumento da enzima GST muscular no ensaio in vivo pode indicar o papel do músculo destes peixes na defesa contra xenobióticos. A DT não alterou a AChE muscular e cerebral no ensaio in vivo. Porém foi observado um aumento significativo da AChE muscular no experimento in vitro em concentração de 4 μg L-1. A DT reduziu a taxa de repetição média (Hz) das DOEs dos peixes na primeira hora de exposição em todas as concentrações. Este efeito foi maior na concentração de 3 do que na de 4 μg L-1. Não houve alterações significativas nas enzimas AChE e GST nos tecidos avaliados para estes tempos de exposição. O padrão não linear de respostas bioelétricas dos peixes ao inseticida pode estar relacionado com mecanismos fisiológicos e bioquímicos internos de compensação, quando estes peixes são expostos a altas concentrações de poluentes. Conclui-se que a DT é altamente tóxica para Microsternarchus cf. bilineatus, que apresentou o menor valor de CL50 registrado na literatura para espécies amazônicas; e que em concentrações acima da CL50, é provável que a indução da enzima GST muscular observada no presente trabalho, reflita o papel do músculo na defesa contra xenobióticos. Ainda, esta espécie pode ser utilizada como biomonitor de qualidade de ambientes aquáticos por alterarem os seus padrões de descargas em exposição ao inseticida em menos de três horas de ensaio. |