Cultivo micelial in vitro e elaboração de “semente-inóculo” de Lentinus strigosus, um cogumelo comestível isolado na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2008
Autor(a) principal: Vargas-Isla, Ruby
Orientador(a): Kazue Ishikawa, Noemia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Agricultura no Trópico Úmido - ATU
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/5217
http://lattes.cnpq.br/8328562880053914
Resumo: O Estado do Amazonas apresenta um cenário favorável para o desenvolvimento da fungicultura, pois reúne a diversidade nativa de espécies de cogumelos comestíveis e substratos lignocelulósicos em abundância. Entretanto, os protocolos de cultivo geralmente são descritos para espécies de clima temperado, sendo necessário o desenvolvimento de protocolos para as espécies de clima tropical. A espécie Lentinus strigosus (Schwein.) Fr. (=Panus rudis Fr.) tem uma ampla distribuição mundial apresentando vários ecotipos. A comestibilidade desta espécie tem sido reportada em estudos etnomicológicos de povos indígenas da Amazônia. No entanto, o seu potencial para a produção em escala comercial ainda tem sido pouco explorada. Neste trabalho, reportam-se as condições ótimas de crescimento micelial, in vitro, de L. strigosus. O isolado apresentou características de fungo filamentoso termófilo, com crescimento em temperaturas de 25 a 45ºC, sendo a temperatura de crescimento ótimo, 35ºC. Esta temperatura é uma importante vantagem para o desenvolvimento da fungicultura nos trópicos, uma vez que é uma temperatura comum na região. Quanto aos substratos para elaboração de “semente-inóculo”, em uma primeira etapa, avaliou-se o crescimento micelial de L. strigosus em formulações a base de serragens de 11 espécies florestais regionais: Hymenolobium petraeum Ducke (Angelim pedra), Hura crepitans L. (Assacu), Bertholletia excelsa H.B.K. (Castanheira), Cedrela odorata L. (Cedro), Bombacopsis quinata (Jacq.) Dugand. (Cedro doce), Hymenaea courbaril L. (Jatobá), Ocotea cymbarum Kunth (Louro canela), Simarouba amara Aubl. (Marupá), Astronium lecointei Ducke (Muiracatiara), Aniba rosaeodora Ducke (Pau rosa) e Caryocar sp. (Piquiarana) em comparação com Eucalyptus sp., principal substrato utilizado na fungicultura do Sul e Sudeste do Brasil e Quercus acutissima Carr., muito utilizado na Ásia. As serragens foram suplementadas com 20% (w/w) de farelo de arroz. Os substratos a base de serragem de B. quinata e S. amara promoveram maiores crescimentos miceliais (p<0,05). Em uma segunda etapa, avaliou-se o crescimento micelial em serragem de S. amara suplementada com sete diferentes fontes de nitrogênio (20% w/w): farelo de arroz, extrato de soja, levedura de cerveja, farinha da casca de maracujá, fibra de soja, fibra de trigo e gérmen de trigo. Como controle utilizou-se, serragem pura. Todas as suplementações favoreceram em diferentes níveis o crescimento micelial de L. strigosus. Para a produção de “semente-inóculo” foram testados sacos e frascos de polipropileno utilizando serragens de S. amara, H. petraeum e A. lecointei suplementadas com farelo de arroz, após 25 dias de inoculação os substratos estavam totalmente colonizados por L. strigosus em todas as embalagens testadas, para a escolha da embalagem foram considerados aspectos como custos das embalagens; tempo de colonização; viabilidade de transporte e praticidade de inoculação do micélio no substrato. Mediante estes resultados, a “semente-inóculo” de L. strigosus foi elaborada com sucesso, utilizando-se serragem de S. amara suplementado com 20% (w/w) de farelo de arroz, a 35ºC por 25 dias, no escuro, em três embalagens com características diferentes.