Comportamento ecofisiológico de Attalea microcarpa Spruce e Attalea attaleoides Mart., ao longo do gradiente topográfico (platô, vertente e baixio), em uma floresta de terra firme ao norte de Manaus.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Souza, Lissandra Alves de
Orientador(a): Costa, Flávia R. Capellotto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Clima e Ambiente - CLIAMB
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12950
http://lattes.cnpq.br/1827460693954336
Resumo: A disponibilidade dos recursos primários (água, CO2, disponibilidade de nutrientes, luz e temperatura) exercem pressões seletivas sobre as espécies vegetais, desta forma, as estratégias ecofisiológicas adotadas por cada espécie podem determinar o sucesso do seu estabelecimento em ambientes específicos. A Amazônia apresenta alta variabilidade topográfica que determinam a formação de microambientes com modificação na disponibilidade de água, luz, nutrientes e concentrações de dióxido de carbono. Assumindo que a topografia impõe condições que podem ser limitantes para determinadas espécies, pesquisas estão sendo realizadas com intuito de determinar o papel da topografia como fator (direto ou indireto) preditor da distribuição de espécies na Amazônia Central. Considerando que plantas reconhecem limites ambientais este trabalho propôs avaliar os efeitos de fatores que variam segundo a topografia, que possam influenciar a distribuição e abundância de palmeiras de sub-bosque por afetarem o desempenho fotossintético destas, conferindo vantagens adaptativas a elas, de acordo com os ambientes topográficos onde se encontram. O objetivo deste estudo foi investigar o comportamento ecofisiológico de Attalea microcarpa Spruce e Attalea attaleoides Mart. (palmeiras pertencem à família botânica Arecaeae), ao longo do gradiente topográfico, em uma floresta de terra firme ao norte de Manaus em dois períodos de precipitação distintos. O estudo foi realizado na Reserva Florestal Adolfo Ducke, localizada a 26 km a noroeste de Manaus, a estrutura e a florística são basicamente, definidas pelo tipo de solo e relevo, sendo: platô, vertente, campinarana e baixio. Foi determinado o índice de abertura de dossel por meio de câmera hemisférica; as variações na área foliar específica (AFE); o potencial da água na folha, por meio da bomba de pressão e a eficiência do uso da água a eficiência intrínseca; os teores de Nitrogênio (N) e Fósforo (P) foliar e a eficiência fotossintética no uso do nitrogênio (EUN) e do fósforo (EUP); o índice de conteúdo de clorofila (ICC) via clorofilômetro portátil e os padrões das trocas gasosas e os parâmetros fotossintéticos via um analisador de gás a infravermelho (IRGA) portátil. Os maiores valores de Amax foram observados na espécie A. microcarpa. Os valores médios de Amax em A.microcarpa foram de 3,65 μmol m-2 s-1 e 2,66 μmol m-2 s-1 nos períodos de maior e menor precipitação, respectivamente. Na espécie A. attaleoides no período de maior precipitação foi de 2,86 μmol m-2 s-1 e no período de menor precipitação 2,45 μmol m-2 s-1. As curvas de resposta à intensidade luminosa das espécies estudadas foram semelhantes às encontradas para outras espécies de sub-bosque, sendo estes valores típicos de espécies naturais de ambientes de baixa luz. A condutância estomática (gs), transpiração (E), respiração no escuro Rd, Irradiância de compensação (Ic), Irradiância de saturação (Is), eficiência quântica (α), a eficiência no uso da água (EUA) e eficiência intrínseca no uso da água (EIUA) não apresentaram diferenças significativas entre ambientes topográficos em ambas as espécies. Os valores de gs, E, Is, EUA e EUIA apresentaram maiores valores no período de alta precipitação em relação a baixa precipitação, em plantas da espécie A. attaleoides. Nesta espécie o Rd apresentou valores mais elevados no período de baixa precipitação. As taxas da gs (0,05 mol m-2s-1), E (1, 62 molm-2s-1) nas plantas da espécie A. microcarpa foram maiores no período de alta precipitação, este comportamento entre os dois períodos de precipitação revelam que ambas as espécies exercem controle estomático a demanda evaporativa é alta. A EUA e EUIA apresentaram maiores valores no período de alta precipitação em relação à baixa precipitação, em plantas da espécie A. attaleoides, comportamento oposto em A. microcarpa, o que poderia ser entendido como resultado das condições edáficas do solo. No entanto o potencial da água na folha ao amanhecer (am) ao meio dia (md) não diferiu nem entre ambientes topográficos nem períodos nas duas espécies. O ambiente de luz ao qual as espécies estão submetidas indica condições bem sombreadas, os valores médios por espécie foram de 4,68 % em A. attaleoides e 4,65 % em A. microcarpa. A AFE diferiu entre as espécies, sendo maior em A. attaleoides,média 82 cm2g-1, que em A. microcarpa 68 cm2g-1. Os teores de N e de fósforo P foliares não diferiram estatisticamente ao longo do gradiente topográfico, assim como a EUN e da EUP. O ICC em ambas as espécies ficou em tonro de 80, valores típicos de plantas de sub-bosque. Apesar das espécies apresentarem características típicas de plantas de sub-bosque não foi possível determinar comportamentos ecofisiológicos que confiram vantagens adaptativas de acordo com o ambiente topográfico onde se encontram. Algumas das tendências observadas necessitam mais estudos ao longo do tempo para serem confirmadas.