Ecohidrologia de Espécies Arbóreas de Terra Firme na Amazônia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gimenez, Bruno Oliva
Orientador(a): Higuchi, Niro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA
Programa de Pós-Graduação: Ciências de Florestas Tropicais - CFT
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/5005
http://lattes.cnpq.br/5693293146677192
Resumo: A floresta amazônica é a maior floresta tropical do mundo e possui grande importância nos fluxos globais de água e carbono, ocupando papel importante nos cenários futuros de mudança climática. Para se ter uma maior compreensão dos ciclos da água e do carbono, um melhor entendimento acerca das interações entre a fisiologia das plantas e fatores ambientais se faz necessário. Estima-se que cerca de 25-50 % da precipitação na bacia Amazônica é reciclada de volta para a atmosfera por meio da transpiração da floresta. Os mecanismos envolvidos na transpiração de espécies vegetais, embora sejam bem descritos na literatura, carecem de informações nas regiões tropicais, especialmente na Amazônia. O objetivo principal desta tese de doutoramento foi analisar a dinâmica da transpiração de árvores de terra firme da Amazônia e os fatores que a controlam. Para isto, o estudo foi conduzido em duas áreas distintas: uma na Amazônia Central dentro dos limites da Estação Experimental de Silvicultura Tropical (ZF-2) no sítio da torre K-34, e outra na Amazônia Oriental, dentro dos limites da Floresta Nacional do Tapajós, no sítio da torre K-67. Nos dois sítios as árvores-amostra foram sensorizadas numa alta intensidade temporal de coleta de dados (intervalos de 5 a 30 minutos) e também submetidas a experimentos de 12 horas de duração (curvas diárias). As variáveis obtidas foram: velocidade de seiva xilemática (cm hr-1), intensidade de luz direta (W m-2), temperatura foliar (°C), temperatura do ar (°C), déficit de pressão de vapor (VPD), potencial hídrico foliar (ΨL), condutância estomática (gs), além de parâmetros dendrométricos tais como o diâmetro à altura do peito (DAP), altura total (Ht) e a posição da árvore no dossel. Os dados foram coletados nos anos de 2015, 2016, 2017 e 2018, somando um total de quatro anos e 21 árvores estudadas. O biênio 2015-2016 esteve sob influência de um forte El Niño. Muitas análises utilizaram este período como comparativo, uma vez que as árvores foram expostas à níveis drásticos de seca e altas temperaturas. Verificou-se que a dinâmica da transpiração é governada pelo fenômeno de histerese. Esta histerese pode ser descrita como o resultado do deslocamento temporal da radiação solar direta, que tende a apresentar seus máximos perto do final da manhã, e o VPD que tende a apresentar seus valores máximos no começo da tarde. Além da transpiração, o fenômeno de histerese também rege a dinâmica de duas importantes variáveis: a temperatura do ar e a temperatura foliar. Com os dados de temperatura foliar é possível calcular o verdadeiro VPD (ΔVPD), sendo o gradiente de pressão entre a folha e a atmosfera. Além disto, verificou-se que durante o El Niño 2015-2016 a temperatura foliar diferiu da temperatura do ar numa ordem de até 8℃. A complexidade das variáveis fisiológicas e ambientais que podem afetar a dinâmica da transpiração, como demonstrado, reforça a importância de análises detalhadas durante períodos de anomalias climáticas como o El Niño. Estes dados fornecem novas perspectivas para o aprimoramento dos modelos climáticos atuais.