Estrutura da ictiofauna reofílica do rio Xingu, Amazônia Brasileira: efeitos ambientais, espaciais e temporais no padrão de distribuição das espécies

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Gonçalves, Alany Pedrosa
Orientador(a): Rapp Py-Daniel, Lúcia Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/13016
http://lattes.cnpq.br/3372710100987723
Resumo: As corredeiras e cachoeiras são ambientes que apresentam características ambientais extremas e diferentes da maior parte do curso dos rios. Esses locais abrigam espécies de peixes com características ecológicas peculiares, com especializações morfológicas e comportamentais relacionados à vida em ambientes estruturalmente complexos e com águas rápidas e turbulentas. Neste estudo avaliamos a estrutura da ictiofauna associada aos ambientes de corredeiras do rio Xingu, buscando um melhor entendimento da composição das assembleias de peixes e suas variações espaciais e temporais. Foram registradas 160 espécies de peixes abrigando as corredeiras do rio Xingu, pertencentes a 97 gêneros, 25 famílias e sete ordens. Characiformes apresentou o maior número de famílias e Siluriformes o maior número de espécies. Cinquenta e duas espécies são endêmicas do rio Xingu, 11 espécies são oficialmente consideradas sob algum grau de ameaça de extinção, e nem todas as espécies estão protegidas pelo grande mosaico de unidades de conservação presentes na bacia do rio Xingu. O trecho da Volta Grande do rio Xingu apresenta a maior diversidade de espécies de peixes reofílicos, e algumas espécies ocorrem apenas naquele trecho. A Volta Grande é um dos maiores contínuos de corredeiras do mundo, mas a estrutura das assembleias de peixes dessa região apresenta diferenças em relação aos períodos sazonais e em função das características locais dos sítios de amostragem. As maiores variações foram observada entre as corredeiras do canal principal do rio Xingu e as corredeiras do rio Bacajá, e entre os períodos de enchente em relação à vazante e seca. Embora algumas espécies tenham ocorrido em apenas alguns sítios ou tenham sido mais abundantes em alguns períodos, a Volta Grande apresenta um conjunto de espécies que ocorrem em todos os sítios e períodos, evidenciando o possível papel da conectividade de hábitats ao longo do contínuo de corredeiras. Uma análise mais aprofundada da distribuição e abundância de espécies de Loricariidae na Volta Grande demonstrou que fatores espaciais em diferentes escalas de distância, bem como a estrutura local de micro-hábitats são essenciais para a manutenção das espécies dessa família. Disponibilidade de alimento não apresentou grande influência na estruturação das assembleias de Loricariídeos, aparentemente devido à alta disponibilidade de itens alimentares do epilíton e de macroinvertebrados bentônicos. Apesar da importância biológica dos ambientes de cachoeiras e corredeiras, em especial as da Volta Grande, um megaprojeto hidrelétrico está sendo finalizado nessa região e há projetos de mineração de ouro sendo licenciados, colocando em risco uma das áreas de corredeiras mais excepcionais do mundo.