Comportamento de desova e paternidade múltipla em ninhos de "Podocnemis sextuberculata" (Testudines:Podocnemididae) na reserva biológica do rio Trombetas, Pará, Brasil
Ano de defesa: | 2015 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Programa de Pós-Graduação: |
Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: | https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11340 http://lattes.cnpq.br/3840287057145385 |
Resumo: | Podocnemis sextuberculata, da família Podocnemididae, é listada como espécie vulnerável (União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN), em grande parte devido ao consumo de seus ovos e adultos pela população humana. A ocorrência de posturas múltiplas de quelônios do gênero Podocnemis, inclusive de P.sextuberculata está documentada. Entretanto, as verificações diretas (captura-marcação-recaptura) referentes a este fato são raras, sendo na maioria das vezes relatadas de forma indireta, como a partir da análise das gônadas das fêmeas. A desova múltipla em quelônios é importante para a sobrevivência da prole. O sistema de acasalamento poliândrico e paternidade múltipla em tartarugas também consistem em uma importante estratégia de sobrevivência para a população, pois contribui para o aumento da heterozigosidade genética nas proles e promove maior variabilidade genética na população. O presente trabalho teve como objetivo analisar, diretamente, o comportamento de nidificação e a ocorrência de desovas múltiplas durante uma estação de desova de P.sextuberculata e seus efeitos ecológicos e genéticos na prole. A área deste estudo localiza-se na Reserva Biológica do Rio Trombetas, no município de Oriximiná, Pará, Brasil. Os ninhos foram amostrados na praia do Farias (1º15’S e 56º50’O), entre outubro e novembro de 2013. Durante a estação de nidificação, a praia foi monitorada das 19h às 7h do dia seguinte, durante aproximadamente 60 noites. Após a desova 10 fêmeas foram capturadas, medidas e amostras de sangue foram coletadas. Rádios transmissores foram colocados na porção superior das carapaças para observação dos próximos locais de desovas. Os ninhos foram marcados e, após o nascimento dos filhotes, dados referentes aos aspectos reprodutivos e uma amostra de sangue da veia femoral foram coletados. Utilizou-se seis locos heterólogos à espécie, cinco locos de P. unifilis e um loco de P. expansa para realização das análises de PCR (Reação em cadeia da Polimerase) e genotipagem. Não houve registro de uma segunda desova para nenhuma das fêmeas monitoradas. O tamanho das fêmeas (largura do rastro) foi significativamente menor (ANOVA; d.f. = 2,15; F=4,22, p < 0,05; Tukey: p < 0,05) no início da estação de desova (média=110mm ±8,4) quando comparada ao meio da estação de desova (média = 148mm ± 19). Não houve diferenças significativas entre o sucesso de eclosão (ANOVA; d.f. = 2,35; F = 0,85; p = 0,44) e o tamanho da ninhada (ANOVA; d.f. = 2,31; F = 0,29; p = 0,75) com relação aos diferentes períodos da estação de desova (início, meio e fim). O período de incubação dos ovos de P.sextuberculata foi em média 55 dias (50 – 73). O período de tempo em que os filhotes permaneceram nos ninhos após a eclosão foi, em média, 6 dias (2-14). Observamos uma forte sincronia entre a descida e a subida do nível das águas do rio com o período de desovas e nascimento dos filhotes, respectivamente. Analisamos todos os filhotes de 23 ninhos de P.sextuberculata, dos quais foram verificados 100% de paternidade múltipla. Em média foram encontrados seis pais por ninho. Não houve diferença significativa entre o número de pais encontrados e o período da estação de desova (Kruskal-Wallis; d.f. = 2; H = 2,193; p = 0,33). Não houve diferenças significativas entre o tamanho das fêmeas (Correlação de Spearman; rho = -0,10; p = 0,76) e o sucesso de eclosão (Correlação de Spearman; rho = 0,04; p = 0,85) em relação ao número de pais encontrados nos ninhos. Contudo, o tamanho da ninhada apresentou significativamente correlação positiva com o número de pais encontrados (Correlação de Spearman; rho = 0,47; p < 0,05). |