Balanço de massas de mercúrio (Hg) total em duas microbacias da Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Peleja, José Reinaldo Pacheco
Orientador(a): Forsberg, Bruce Rider
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Biologia de Água Doce e Pesca Interior - BADPI
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11464
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4707556P9
Resumo: O efeito da podzolização do solo no ciclo biogeoquímico do mercúrio (Hg) foi investigado na Amazônia Central através de um estudo de balanço de massas de Hg total em duas microbacias naturais próximas à cidade de Manaus, no Estado do Amazonas, Brasil. A primeira microbacia drena o igarapé de água clara Barro Branco na Reserva Florestal Adolfo Ducke e drena Latossolos amarelos em processo leve de podzolização. A segunda microbacia drena o igarapé da Campina localizado na Reserva Florestal da Campina e drena Podzois em estágio de podzolização intensa. Amostras de água de precipitação aberta, precipitação efetiva, água de subsolo e água superficial dos igarapés foram monitoradas quanto aos níveis de Hg total no período de abril de 2005 a março de 2006. Os estoques de Hg total em declives topográficos às margens dos dois igarapés também foram quantificados ao longo de topossequências (platôs, vertentes e baixios). Em ambas as bacias a fração fina (< 63 μm) apresentou maiores concentrações de Hg total que a fração grossa (>63 μm). Os estoques integrados de Hg total, para os primeiros 30 centímetros superficiais de solo, foram 1,3 vezes maiores nos latossolos da microbacia da reserva Ducke (23 mg/m2) do que nos podzóis da microbacia da Campina (18 mg/m2). O dossel da floresta na microbacia da Campina interceptou o Hg depositado na precipitação aberta de forma mais eficiente do que o dossel da floresta de terra-firme da Reserva Ducke. Os níveis de Hg total na água da precipitação aberta, leaf drip e stem flow aumentaram durante os meses de junho, julho, agosto e setembro, sendo diretamente correlacionados com a ocorrência de focos de queimada nas florestas do Estado do Amazonas. A água de subsolo em ambas as microbacias apresentou concentrações mais elevadas nos baixios próximos aos igarapés. As águas pretas do igarapé da Campina apresentaram concentrações mais elevadas de Hg total (13 ng/L) que as águas claras do igarapé da reserva Ducke (9 ng/L). O exporte anual no igarapé da campina (20 μg de Hg/m2/ano), foi duas vezes mais elevado, do que no igarapé Barro Branco (10 μg de Hg/m2/ano), nos dois igarapés o exporte foi maior no período chuvoso. O resultado do balanço de massas evidenciou que na microbacia do igarapé Barro Branco o exporte via vazão do igarapé foi nitidamente inferior ao aporte via deposição atmosférica (24,4 μg de Hg/m2/ano), enquanto no igarapé da Campina a exportação foi da mesma ordem de magnitude do aporte atmosférico depositado sobre esta (21,7 μg de Hg/m2/ano). Duas hipóteses foram levantadas quanto ao papel da pedologia no exporte de mercúrio: 1) a gradual transformação de um latossolo para podzol pode resultar na liberação de Hg antigo associado ao solo através de intemperismo químico e físico ou 2) simplesmente alterar a capacidade de retenção de Hg, recém depositado, facilitando seu exporte para o sistema fluvial. Porém, não ficou claro se o Hg exportado em ambos os igarapés é de origem moderna via deposição atmosférica ou de origem antiga acumulado nos solos. A podzolização somada aos processos de lixiviação lateral, favorecida pela drenagem oblíqua, bem como, a presença de áreas úmidas (solos hidromórficos), aparece como um fenômeno importante controlando a dinâmica do mercúrio nos diferentes tipos de solos.