Composição, conhecimento e uso de plantas de campinarana por moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé – Amazônia Central

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Demarchi, Layon Oreste
Orientador(a): Piedade, Maria Tereza Fernandez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Ecologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/11923
http://lattes.cnpq.br/2504309339279053
Resumo: As Campinaranas amazônicas apresentam um conjunto de características únicas, como a dominância de poucas espécies, alto grau de endemismo e baixa riqueza de espécies que as diferenciam de outras formações florestais amazônicas, como as matas de terra firme e matas periodicamente alagáveis. Além da maior diversidade biológica do planeta a Amazônia apresenta uma grande diversidade étnica e cultural, onde muitas populações humanas detêm uma gama de conhecimentos sobre o meio em que vivem, este conhecimento relacionado com a flora é um componente cultural importante para estas populações e pode variar muito dependendo do tipo de vegetação. A presente dissertação foi dividida em dois capítulos, no primeiro foi investigada a composição florística, estrutura, similaridade, diversidade e a influência dos parâmetros granulométricos e nutricionais do solo sobre a distribuição e abundância das espécies arbóreas em três manchas de Campinarana na Amazônia Central. Em cada área foram alocadas três parcelas de 50 x 50 m, totalizando 2,25 ha. Foram amostrados 3956 indivíduos divididos em 140 espécies e 40 famílias. O porte dos indíviduos foi baixo, com poucos emergentes, e mais da metade dos indivíduos contidos na primeira classe de diâmetro (5 a 10 cm). A similaridade entre as áreas foi relativamente alta, principalmente quando retiradas as espécies raras da análise, contudo, algumas parcelas de diferentes áreas apresentaram valores de similaridade muito baixos entre si. Os índices de diversidade analisados mostraram considerável variação de diversidade entre as parcelas, porém pouca variação entre as áreas, onde encontrou-se grande dominância de poucas espécies. A variação do gradiente granulométrico e nutricional foi significativamente relacionada com a composição florística, porém o fator nutricional foi preponderante nesta relação. Postula-se que mesmo pequenas variações dos parâmetros do solo podem mudar significativamente a abundância e distribuição das espécies, fazendo com que determinadas espécies dominantes em uma área, passem a ser pouco frequentes em outras. No segundo capítulo buscou-se analisar padrões de uso das plantas de Campinarana bem como características socias dos comunitários relacionadas ao conhecimento e uso das plantas. Foram entrevistados ao todo 69 moradores pertencentes a duas comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé. Para avaliar o conhecimento e o uso das plantas pelos moradores foi utilizado o VU (Valor de Uso) e o índice de Saliência Cognitiva (S) para as espécies consideradas as mais importantes (Si), e também para as espécies consideradas em risco pelos moradores (Sr). A hipótese da aparência ecológica foi testada através da correlação entre os parâmetros estruturais da vegetação e os índices etnobotânicos citados. Os moradores citaram a categoria Construção, seguida da Alimentícia como as mais usadas, sendo a madeira a parte da planta mais utilizada pelos moradores. A variável que mais explicou o conhecimento dos moradores sobre as plantas foi o tempo de residência na comunidade, porém o poder de explicação da análise foi baixo, mostrando que outras variáveis não coletadas podem estar influenciando esta relação. A hipótese da aparência ecológica foi parcialmente comprovada, tendo sido demonstrada apenas quando feita análise da interação dos dois índices de mensuração do conhecimento etnobotânico utilizados (VU e S). O parâmetro fitossociológico que mais explicou o uso da vegetação arbórea pelos moradores foi a Dominância Relativa (DoR); o teste da hipótese da aparência por categoria de uso mostrou que Construção foi correlacionada com todos os parâmetros fitossociológicos, onde a DoR apresentou a maior correlação, já a categoria Tecnologia foi correlacionada com a Frequência Relativa (FrR) e o Valor de Importância (VI). Os dados obtidos são de grande importância para se entender padrões de uso das espécies vegetais de um ambiente frágil como as Campinaranas e para embasar estratégias de manejo da Unidade de Conservação de uso sustentável em questão.