Desenvolvimento de colmeias de abelhas Melipona interrupta Latreille, 1811 (Hymenoptera: Meliponini) sob diferentes temperaturas em condições de laboratório

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Becker, Tatiane
Orientador(a): Carvalho-Zilse, Gislene Almeida
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
Programa de Pós-Graduação: Entomologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12399
http://lattes.cnpq.br/5555017332127312
Resumo: As abelhas são importantes agentes polinizadores, em especial, as da tribo Meliponini, conhecidas como abelhas indígenas sem ferrão, que tem grande importância para a polinização da flora nativa. Elas são capazes de regular a temperatura interna dos ninhos. Esta regulação é essencial para o desenvolvimento da cria e proteção dos adultos a temperaturas externas extremas, e desta forma, para a sobrevivência da colônia. Na geração de novos indivíduos, as operárias são encarregadas de construir novas células e aprovisioná-las com alimento larval, e a rainha é responsável por realizar a postura dos ovos. Já foram registradas evidências da influência de fatores ambientais na produção de rainhas e machos ao longo do ano em diferentes espécies de Melipona. Alterações climáticas afetam os seres vivos, como as abelhas, de diversas formas, cada espécie possui tolerância diferente às condições ambientais. Assim, este trabalho se propôs a verificar a influência da temperatura no desenvolvimento de colmeias de Melipona interrupta, com ênfase na eficiência da termorregulação interna dos ninhos, quantidade de postura realizada pela rainha e na geração de machos e fêmeas, e de rainhas e operárias. Para cumprir com estes objetivos foram sorteadas 30 colônias do Meliponário do GPA/INPA em condições equivalentes de desenvolvimento e separadas em cinco grupos, com seis colmeias cada sendo um Grupo Controle cujas colmeias foram mantidas em Meliponário à temperatura ambiente natural e quatro Grupos Tratamento, em laboratório, sob diferentes faixas de temperatura (induzidas artificialmente) a fim de gerar um gradiente térmico. As temperaturas foram monitoradas por Termo-higrômetros, a postura foi foto documentada diariamente e a segregação de sexo e castas observada em discos amostrados ao longo do tempo. A temperatura média ótima para M. interrupta foi estimada em 30 ºC. Em relação à termorregulação, foi verificado que quanto mais altas as temperaturas a que as colônias são expostas (entre 31 ºC e 38 ºC) maior o esforço termorregulatório das abelhas. Porém, a medida que a temperatura externa se afasta de 30 ºC (para mais ou para menos), menor a eficiência dessa termorregulação, demonstrando pouca capacidade termorreguladora da espécie. Da mesma forma foi observado que o aumento da temperatura externa (entre 31 ºC e 38 ºC) causa proporcionalmente a diminuição da postura de ovos realizada pela rainha e aumento da mortalidade de imaturos. Em temperatura abaixo da ótima, entre 24 ºC e 26 ºC, as abelhas constroem maior número de lâminas fechadas de invólucro ao redor das crias, afim de termorregular. No entanto, também foi registrada redução do número de posturas diárias. A alta mortalidade de imaturos causada por temperaturas mais elevadas que a ótima de 30 ºC alteram o número de indivíduos gerados na colônia e, consequentemente, a proporção de rainhas, operárias e machos nascidos. Não sendo comprovado se esta afeta diretamente a segregação em sí. A redução do número de indivíduos nascidos, causada pelo aumento da temperatura, afeta negativamente a geração de descendência, e também sua força de trabalho, comprometendo o bom funcionamento e sobrevivência da colônia. Os resultados deste trabalho nos permitem deduzir que alterações naturais ou antrópicas que modifiquem a temperatura a que as colônias são expostas, podem comprometer sua sobrevivência.