Estudo molecular de genótipos não usuais de rotavírus A em crianças com gastrenterite aguda da Região Metropolitana de Belém, Pará-Brasil (2008 a 2011)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Bezerra, Delana Andreza Melo
Orientador(a): Mascarenhas, Joana D'Arc Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/3730
Resumo: A epidemiologia da infecção por rotavírus A (RVA) é um fenômeno implexo e sujeito a variação em virtude da sua ampla diversidade genética. Apesar das particularidades genotípicas, os genótipos mais prevalentes globalmente são: G1P[8], G2P[4], G3P[8], G4P[8], G9P[8] e G12P[8]. No Brasil, os genótipos não usuais são representados por genótipos que diferem dos seis tipos mais prevalentes encontrados globalmente. O estudo objetivou analisar os genes dos genótipos não usuais de rotavírus A circulantes em crianças com gastrenterite aguda na região metropolitana de Bélem, Pará, no período de 2008 a 2011. As amostras foram submetidas a amplificação genômica e ao sequenciamento de nucleotídeos. As amostras que foram classificadas como não usuais foram selecionadas para a determinação da constelação genotípica, assim como para análises filogenéticas e evolutivas. Das 122 amostras previamente não tipadas, foi possível obter a combinação genotípica em 106 (86,9%), sendo que foram classificadas como usuais: G1P[8] (n=18), G2P[4] (n=11), G3P[8] (n=1) e G12P[8] (n=6) e como não usuais: G3P[9] (n=1), G12P[6] (n=58) e G12P[9] (n=4). Infecções por múltiplos genótipos também foram detectadas. O genótipo G3P[9] apresentou a constelação G3P[9]-I18-R3-C3-Mx-A19-N3-T3-E3-H6. A filogenia mostrou uma estreita relação entre os genes VP7, VP1, NSP3, NSP4 e NSP5 com genes de origem animal, tais como quiróptero, alpaca, equino e símio. Além disso, os genes de VP6 e NSP1 pertencem aos novos genótipos I18 e A19, respectivamente. De um total de trinta amostras G12P[6] analisadas, 16 exibiram a constelação genotípica Wa-like (G12P[6]/Wa), 13 exibiram DS-1-like (G12P[6]/DS-1) e uma Wa x DS-1-like (G12P[6]/Wa x DS-1). Os resultados sugerem que as amostras G12P[6]/Wa e G12P [6]/DS-1 do Brasil foram distintas evolutivamente em seus genes VP7 e VP4. A análise bayesiana do gene VP6 indicou que as cepas G12P[6]/Wa foram relacionados ao genótipo G1P[8], enquanto que as cepas G12P[6]/DS-1 foram relacionadas com G2P[4]. As quatro amostras G12P[9] foram classificadas na constelação AU-1-like (G12-P[9]-I3-R3-C3-M3-A3-N3-T3-E3-H6). Os genes dessas amostras foram relacionados com a amostra 18974/Brasil, sendo o gene NSP1 relacionado à origem bovina. O ancestral comum mais recente do gene VP7 do genótipo mais prevalente (G12) foi datado em 1998, com taxas de evolução estimada em 2,5 × 10-3 substituições por sítio, por ano. O estudo reforça a importância dos genótipos não usuais e o papel dos animais na ecologia e evolução do RVA, além de fornecer dados evolutivos do genótipo G12. A emergência destas cepas não usuais pode, eventualmente, interferir com a eficácia da vacina de RVA, o que destaca a importância do monitoramento contínuo e prolongado, bem como a necessidade de estudos adicionais para melhor determinar a origem e evolução deste agente.