Estudo da infecção causada pelo vírus Juruaçá em camundongos adultos inoculados experimentalmente pela via olfatória

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cabral, Tatyane da Silva
Orientador(a): Diniz Junior, José Antônio Picanço
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4209
Resumo: O vírus Juruaçá foi isolado de vísceras de um morcego capturado na região de Porto Trombetas em 1982, no município de Oriximiná, Pará. Pouco se sabe sobre a neuropatologia do vírus Juruaçá, exceto que camundongos neonatos das linhagens albino suíço e BALB/c quando inoculados com este vírus, por via intracerebral (i.c.) ou intranasal (i.n.), demonstraram sinais indicativos de doença aguda, caracterizada por lesões progressivas no Sistema Nervoso Central (SNC) e em outros órgãos. Neste trabalho descrevemos a neuropatologia associada ao vírus Juruaçá em camundongos BALB/c adultos, caracterizando os sinais clínicos, as alterações histopatológicas e ultraestruturais, bem como a expressão de mediadores inflamatórios associados à infecção experimental pela via olfatória. Para tal, camundongos BALB/c fêmeas de 31 dias de vida tiveram suas narinas instiladas com suspensão viral uma vez ao dia durante três dias consecutivos. Após caracterização de sinais clínicos, amostras do SNC e de vísceras foram processadas para análise histopatológica e detecção de antígenos virais por imunohistoquímica. Amostras do SNC também foram processadas para análise ultraestrutural por microscopia eletrônica de transmissão. Para quantificação de citocinas por citometria de fluxo, usamos amostras de homogeneizado de encéfalo e soro. Um grupo controle e três grupos de animais infectados foram formados com base na intensidade dos sinais clínicos: grupo infectado sem sinais clínicos (GI1); grupo infectado com sinais clínicos moderados (GI2); e grupo infectado com sinais clínicos severos (GI3) e, finalmente, um grupo controle não infectado (GC). Nossos resultados mostraram que os animais infectados apresentaram os principais sinais clínicos: eriçamento de pelos, comportamento de clasping, paralisia de membros posteriores, perda de peso e encurvamento de coluna vertebral. Estes sinais culminaram na morte de 30% dos animais entre 53 e 65 dias após a inoculação (dpi). Foram evidenciadas alterações histopatológicas nas amostras do pulmão, fígado, baço e rim. Alterações mais evidentes foram observadas no SNC. Nos animais do GI1 essas alterações foram mais discretas, as mais graves foram observadas no GI2 e GI3. Dentre elas, foram encontradas no SNC áreas de congestão moderada, incluindo núcleos reativos e corpos celulares neuronais com cromatólise e picnose, edema de moderado a intenso, e meninges com edema e moderada infiltração mononuclear. A presença de antígenos virais foi observada no putâmen, parede ventricular, plexo coroide, diencéfalo, e principalmente córtex temporal, mesencéfalo, cerebelo e medula espinhal dos animais do GI2 e GI3. A ativação microglial e astrocitária também foi observada nestes dois grupos infectados nas mesmas regiões descritas anteriormente, incluindo o bulbo olfatório. A produção da quimiocina MCP-1 aumentou significativamente no encéfalo de todos os grupos infectados, óxido nítrico e outras citocinas analisadas não tiveram expressão significativa. Esses achados sugerem que o vírus Juruaçá induz encefalite de evolução lenta em camundongos BALB/c adultos após a inoculação intranasal, o que leva à morte de 30% dos animais com infecção pantrópica associada à expressão de MCP-1, astrocitose reativa e proliferação de micróglias reativas.