Resumo: |
A gastroenterite aguda (GA) é uma das principais causas de morbidade e mortalidade mundialmente, afetando principalmente crianças, pessoas imunocomprometidas e idosos. Os vírus entéricos, especialmente os rotavírus grupo A (RVA), são considerados importantes agentes etiológicos, enquanto Instituições de Longa Permanência (ILPs) são vistas como ambientes favoráveis para a ocorrência de casos esporádicos e surtos de GA. Portanto, é importante monitorar a presença de agentes virais nestes espaços, principalmente considerando que estudos envolvendo a população idosa no Brasil são escassos, resultando na falta de dados virológicos disponíveis. Como resultado, os agentes causadores permanecem não identificados em muitos casos notificados de GA. No entanto, o advento do sequenciamento de nova geração (NGS) oferece novas oportunidades para detecção e descoberta virais. Logo, o objetivo deste estudo foi identificar os vírus que circulam entre idosos com e sem gastroenterite aguda, residentes em duas ILPs em Belém, Pará, Brasil, entre 2017 e 2019. Noventa e duas amostras foram coletadas e triadas por imunocromatografia e qPCR. Após, um subgrupo dessas amostras foram analisadas individualmente ou em pools por NGS para identificar os vírus que circulam nesta população. Em 26 amostras sequenciadas, foram identificados membros de 13 famílias de vírus eucarióticos. As famílias de vírus mais abundantes foram Parvoviridae, Genomoviridae e Smacoviridae. Contigs exibindo semelhança com pegivírus foram também detectados. Além disso, um genoma quase completo de RVA foi obtido em um caso assintomático e classificado como genótipo G3P[8] com o fundo genético semelhante ao DS-1-equino-like. Sequências completas dos genes VP4 e VP7 de rotavírus C foram igualmente obtidas em um caso sintomático, pertencentes ao G4P[2]. Este estudo demonstrou a primeira caracterização do viroma gastrointestinal em idosos no Norte do Brasil, no qual foi observada uma diversidade de vírus em indivíduos com e sem diarreia, reforçando a necessidade de um maior monitoramento dos residentes de ILPs, especialmente em casos de GA. |
---|