Epidemiologia ambiental da esquistossomose em Alvorada de Minas, mesorregião metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais: caracterização populacional de Biomphalaria (Gastropoda: Planorbidae), distribuição geográfica e observações sobre infecções naturais.
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Minas Gerais
Instituto de Ciências Biológicas Brasil Programa de Pós-graduação em Parasitologia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://deposita.ibict.br/handle/deposita/333 |
Resumo: | A esquistossomose, doença parasitária causada pelo trematódeo Schistosoma mansoni (Sambon, 1907) e endêmica no Brasil, apresenta em nosso meio os moluscos Biomphalaria glabrata (Say, 1818), B. tenagophila (d’Orbigny, 1835) e B. straminea (Dunker, 1848) como hospedeiros intermediários naturais. Estudos visando avaliar a distribuição espacial e aspectos biológicos e taxonômicos dos vetores da esquistossomose são ainda necessários nas áreas de transmissão da doença. Em Alvorada de Minas, município localizado a cerca de 210 km ao norte da capital do estado de Minas Gerais, na rota turística da Estrada Real, os últimos levantamentos parasitológicos apontaram a ocorrência de casos de esquistossomose na população, o que justifica a realização de estudos visando à determinação dos potenciais focos de transmissão. No presente estudo, foram feitas cinco coletas malacológicas, entre outubro de 2018 e setembro de 2019. Todos os pontos de coleta foram georreferenciados, caracterizados ambientalmente e quanto a presença de coliformes fecais na água. Os moluscos capturados foram avaliados individualmente, em laboratório, para a detecção de possíveis infecções por larvas de trematódeos. As cercárias encontradas foram montadas em lâminas de vidro e identificadas em preparações não permanentes. Posteriormente, os moluscos foram identificados taxonômicamente, a partir de critérios morfológicos e para as espécies do gênero Biomphalaria por métodos moleculares (PCR-RFLP). Paralelamente, para a confirmação da suscetibilidade, B. glabrata (geração F1) provenientes de três localidades e B. kuhniana foram desafiados com S. mansoni (cepa LE) da UFMG. Os dados foram georreferenciados e representados em mapas. De 46 pontos analisados, a presença de moluscos foi constatada em 16 destes, sendo que exemplares do gênero Biomphalaria foram encontrados em 13 pontos. Os gastrópodes foram encontrados em rios, açudes, lagos, lagoas e bebedouros de animais domésticos. Após a triagem, constatou-se a presença total de 1125 moluscos vivos pertencentes aos seguintes gêneros e frequências: Biomphalaria (68%), Physa (19,9%), Drepanotrema (5,8%), Omalonyx (3,9%), Pseudosuccinea (1,4%) E Pomacea (0,7%). A partir das análises moleculares foi identificada a ocorrência de B. glabrata, B. straminea, B. tenagophila, B. cousini (Paraense, 1966) e B. kuhniana (Clessin, 1883). Embora negativos para S. mansoni, foram encontrados outros tipos cercarianos nos gastrópodes, como: Xifidiocercária, Estrigiocercária e larvas do tipo Equinóstoma. Dos ambientes verificados, foram 36% ambientes lóticos e 64% ambientes lênticos. A avaliação rápida de qualidade dos habitats identificou uma maior presença de moluscos nos ambientes impactados e entre os pontos com presença de moluscos 72% apresentaram coliformes fecais. A infecção experimental de B. glabrata revelou positividade da geração F1 de animais oriundos das três localizações avaliadas, com taxa de infecção de 70%, 85% e 100%. Já B. kuhniana apresentou resistência a S. mansoni em infecção laboratorial. A confecção de mapas permitiu identificar a distribuição e agrupamento dos moluscos límnicos no município e, consequentemente, determinar as possíveis áreas de maior risco de transmissão da esquistossomose em Alvorada de Minas. A atenção epidemiológica e a intervenção com medidas de controle no município devem ser priorizadas nas regiões leste, centro e norte, devido ao maior risco de infecção. Este trabalho pode incentivar a criação de protocolos de vigilância mais eficazes, adequado ao perfil epidemiológico de cada área endêmica, para o controle da esquistossomose mansoni. |