Luiz Gama como Perseu romântico: engajamento literário em Primeiras trovas burlescas de Getulino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Mora, Arthur Katrein
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/10356
Resumo: A presente dissertação oferece um exame crítico de Primeiras trovas burlescas de Getulino (1859), único livro de poemas de Luiz Gama (1830-1882). Obra que, relegada a apêndices e notas de rodapé nos volumes de história da literatura, constitui o testemunho literário de um poeta negro que viveu a escravidão no Brasil Imperial. Sua leitura demonstra, através da analogia com Perseu (CALVINO, 2016), o herói mítico que combateu a Medusa, a qualidade dual da poética de Luiz Gama. Suas duas “armas”, a sátira e a lírica, traduzem duas estratégias de engajamento com a realidade que o cerca: a sátira revoltada e zombeteira agride a realidade, dedicada a expor suas chagas – é a espada de Perseu; enquanto a lírica, encantadora e melancólica, exprime uma contemplação utópica da sociedade, refletindo-a distorcida – é o escudo espelhado de Perseu. Essa realidade, naturalmente, é Medusa, cujo olhar tem poder de petrificar os que vivem sob seu domínio. A espada e o escudo espelhado de Perseu-Gama representam, ademais, seu vínculo com o Romantismo, definido como expressão de revolta e melancolia (LÖWY; SAYRE, 2016) perante o mundo moderno, e compõem o impulso estético que guia seu engajamento literário (SARTRE, 2015). Diante de um mundo petrificado, Luiz Gama faz da poesia uma tarefa existencial, capaz de tornar leve o peso do viver.