Efeito da hipóxia e reoxigenação no músculo locomotor do caranguejo neohelice granulata (Decapoda Varunidae)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Gehis, Marcio Alberto
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/8240
Resumo: Muitos crustáceos vivem em regiões com variações constantes na concentração de oxigênio sofrendo oscilações de hipoxia e reoxigenação. Dentre estes, o caranguejo Neohelice granulata é uma espécie frequentemente sujeita a estas situações no seu ambiente. Desta forma, o objetivo desta tese de doutorado foi verificar como o músculo locomotor do caranguejo Neohelice granulata altera seu metabolismo energético, se apresenta danos oxidativos e como modula seu sistema de defesa antioxidante (SDA) em função da exposição a diferentes tempos de hipoxia severa seguida de reoxigenação. Inicialmente foi avaliada a resistência e tolerância a hipoxia bem como o tempo de recuperação em reoxigenação. Após, foram avaliados alguns constituintes do metabolismo aeróbico e anaeróbico bem como parâmetros de estresse oxidativo e atividade mitocondrial. Além disso, foi realizada a análise histológica do músculo locomotor bem como observado se a hipoxia e reoxigenação causa alterações morfológicas no tecido. Por fim, foram avaliados os constituintes do sistema de defesa antioxidante no músculo locomotor durante hipoxia e reoxigenação. Este caranguejo apresentou um LC50 entre 2,0 e 2,5 mgO2/L e um LT50 e LT10 em 0,5mgO2/L de 14 e 11h, respectivamente. Durante a hipoxia o músculo locomotor de N. granulata utiliza o metabolismo anaeróbico intensamente nas primeiras horas. Além disso, após 4h de hipoxia a diminuição do potencial de membrana mitocondrial observada sugere um dano oxidativo mitocondrial, pois provavelmente tanto a glutationa peroxidase (GPx-Se) bem como a glutationa (GSH) e a melatonina mitocondrial estão sendo utilizadas pelo músculo. Durante a hipoxia de 10h uma diminuição do potencial de membrana mitocondrial está associada a diminuição da área de fibras aeróbicas no músculo, provavelmente responsável pelo atraso na ativação do metabolismo aeróbico. Na reoxigenação, distintas respostas foram observadas dependendo do período de exposição à hipoxia. Além disso, alterações de volume das fibras musculares, foram observadas na região que apresenta fibras com metabolismo oxidativo, demonstrando que a capacidade de recuperação do músculo locomotor de N. granulata depende do tempo em que este caranguejo permanece em hipoxia. No início da reoxigenação pós hipoxia de 1h e 4h, o retorno do oxigênio levou a um aumento nos níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO) e lipoperoxidação (LPO) e uma diminuição do potencial de membrana mitocondrial que foi proporcional ao tempo de exposição à hipoxia. Porém, estes parâmetros foram rapidamente recuperados ao final da reoxigenação, provavelmente pela utilização da enzima catalase bem como GSH e melatonina citosólica possivelmente contribuindo para a rápida ativação do metabolismo aeróbico. Estes resultados sugerem que o músculo locomotor deste animal não apresenta depressão metabólica nas primeiras horas de hipoxia utilizando os componentes do seu SDA a fim de reparar e evitar os danos quando exposto por muito tempo a hipoxia severa.