Papel da melatonina nas respostas metabólicas do caranguejo Neohelice granulata (Dana, 1851) (Decapoda; Brachyura)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Maciel, Fabio Everton
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/8271
Resumo: Nos crustáceos a melatonina já foi identificada e alguns efeitos desta molécula nestes animais já foram observados tais como alteração no ritmo do eletroretinograma, regeneração de apêndices, ritmos de atividade locomotores, e mais recentemente no sistema de defesa antioxidante e metabolismo aeróbico. Estes últimos trabalhos utilizaram como modelo o caranguejo Neohelice granulata, que habita as marismas da região sul da América do Sul. Diante destes fatos, o primeiro objetivo desta tese de doutorado foi verificar como ocorre ajuste do metabolismo energético de N. granulata sob condições de hipoxia e anoxia e se estas respostas são dependente do pedúnculo ocular, bem como a identificação e expressão do gene do hormônio hiperglicemiante de crustáceos (CHH). Posteriormente, foi verificado se a melatonina exercia um efeito na expressão do CHH, consumo de oxigênio (VO2) e concentrações de glicose e lactato circulante, além de verificar se os possíveis efeitos desta indolamina ocorrem através de receptores e também, se estes efeitos são dependentes do pedúnculo ocular. Na condição de anoxia, caranguejos ablados são significativamente menos tolerantes (TL50 = 8,5h) quando comparados aos intactos (TL50 = 14,4h). A concentração de 1 mgO2.L-1 significativamente (p <0,05) diminuiu o VO2 e na hipóxia severa e anoxia (0,7 e anoxia) aumentaram os níveis de glicose (caranguejos intactos) e lactato (caranguejos intactos e eyestalkless) circulantes. Nenhuma diferença significativa na concentração de glicogênio e uma discreta alteração no teor de glicose no músculo e hepatopâncreas foram observadas entre os diferentes níveis de oxigênio dissolvido. Com relação a clonagem do CHH, foi obtido uma seqüência parcial contendo a parte final do peptídeo sinal, a seqüência completa do peptídeo relacionado ao precursor do CHH (CPRP) e cerca de 1/3 do CHH maduro, com uma similaridade de 73-82% para outros crustáceos. Em anoxia, expressão gênica do CHH foi significativamente (p <0,05) inibido. A melatonina diminuiu a expressão do CHH em animais expostos por 45 minutos a 6 (doses de 2, 200 e 20000 mol.animal-1) e a 2 (200 mol.animal-1) mgO2.L-1, porém este efeito não ocorre via receptores de melatonina, visto que luzindol (200 mol.animal-1) (antagonista dos receptores de melatonina) não alterou significativamente o efeito da melatonina. Já com relação a glicose e lactato a melatonina (200 mol.animal-1) aumentou os níveis destes compostos nos caranguejos expostos a 6 mgO2.L-1 e o luzindol (200 mol.animal-1) diminuiu este efeito, indicando o envolvimento de receptores de melatonina na hiperglicemia e lactemia em função da melatonina. Nenhum efeito da melatonina foi verificado no VO2. Em conclusão, estes resultados sugerem que os níveis de oxigênio dissolvido afetam o metabolismo energético em N. granulata e é dependente do CHH peduncular. Além disso, a melatonina mostrou ter um efeito sobre o metabolismo de N. granulata. Esta molécula inibiu a expressão do gene do CHH e promoveu uma hiperglicemia dependente do pedúnculo ocular e de receptores, o que sugere que a melatonina possa ter uma função sinalizadora na regulação do metabolismo deste caranguejo.