Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Abib, Leonardo Trápaga |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.furg.br/handle/1/4877
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Resumo: |
A presente dissertação tem como questão central investigar como um Consultório na Rua (CnR) tem se relacionado com os moradores de rua frente às atuais discussões sobre as políticas públicas para população em situação de rua no Brasil. Dessa questão principal desdobram-se mais três perguntas de pesquisa:quais clínicas são praticadas pela equipe do CnR?Como tem ocorrido a participação e a in/exclusão dos moradores de rua nos serviços de saúde?De quais formas a sociedade vem lidando com a população em situação de rua na cidade? Para dar conta de responder e problematizar tais questões, realizei uma cartografia inspirada na perspectiva da psicologia social e institucional. Com relação às minhasferramentas teóricas, faço uso de noções tanto do campo da filosofia, a partir de Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari, quanto do campo da saúde coletiva, com Émerson Merhy, Túlio Franco e Antônio Lancetti. Acompanhei uma equipe de CnR da cidade de Porto Alegre durante cinco meses, participando das abordagens de rua junto a pessoas em situação de rua no município. Sistematizei a minha investigação em quatro partes: na primeira, apresento as Crônicas Urbanas, textos inspirados em uma estética literária, a fim de expor alguns conflitos, tensões, afetos e agenciamentos que vivenciei durante a pesquisa de campo. As crônicas também servem como disparadoras de problematizações da pesquisa. Na segunda parte, trago as opções e os detalhamentos metodológicos (o making of da pesquisa e das crônicas). Na terceira parte, contextualizo de maneira mais detalhada os cenários que permeiam as políticas públicas para usuários de drogas e para pessoas em situação de rua. Por fim, na quarta parte, trago as inquietações e problematizações da pesquisa de campo. Parte dos enunciados e discursividades acerca dos usuários de drogas e dos moradores de rua tem ido na direção de construir a imagem do anormal contemporâneo. Alguns dos efeitos de tal construção são novas formas de manifestação de racismo e a criminalização dos sujeitos que usam drogas e que vivem em situação de rua. Ao analisar as práticas de in/exclusão sob a perspectiva foucaultiana, percebo que tanto as políticas de recolhimento e internação compulsória quanto a política dos Consultórios na Rua fazem parte das estratégias biopolíticas atuais, sendo as primeiras pelo viés da exclusão e a segunda pelo viés da inclusão. No âmbitomicropolítico, do encontro entre trabalhador do CnR e usuário, são possíveis diferentes linhas de fuga, fissuras e resistências à perspectiva biopolítica que deseja instituir-se. A partir das práticas dos trabalhadores do CnR que acompanhei, pude notar diversas tensões e afetos, que culminam, entre outras coisas, em uma clínica pautada pela estratégia de redução de danos e em algo que chamei de uma clínica menor. A clínica menor constitui-se nas práticas de subversão a uma clínica maior, de afirmação de outros modos de existência e dedesterritorialização e possibilidade de produção de novos desenhos e arranjos coletivos, como práticas de resistência e enfrentamento às ações fascistas do campo da saúde. |