A não representação na Teoria Ator-Rede e o silenciamento como prática social nas organizações: um estudo etnográfico em uma oficina mecânica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Fortes, P. J. de O. C.
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro Universitário FEI, São Paulo
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://repositorio.fei.edu.br/handle/FEI/3117
Resumo: O objetivo desta tese é descrever como se configura o silenciamento enquanto uma prática social nas organizações capaz de ampliar as associações entre os atores que fazem parte de uma rede. Proponho que o silenciamento é a não representação intencional de um ator para criar mais associações e mantê-las em uma rede. A prática do social se refere à prática de se associar. A tese utiliza a Teoria Ator-Rede (TAR) de Bruno Latour (2005) para quem o conceito “social” significa “associações”. O termo silenciamento está presente na literatura internacional de Estudos Organizacionais produzido com o auxílio da TAR. O silenciamento é proposto nesta tese como uma controvérsia mapeada na Sociologia das Traduções (1986). A controvérsia é que, nessa Sociologia, o representante da ação, o spokesman, silencia ao representar outros atores. Busco nesta tese alimentar essa controvérsia com a visão de Latour (2005, p. 146) de que “não se pode silenciar um ator, a não ser que este esteja em outra rede”. Ancorado em uma etnografia realizada em uma oficina mecânica, proponho que o silenciamento é uma prática social nas organizações. Esse silenciamento é uma estratégia que serve para criar e manter associações, e que é configurado por uma representação não intencional, ou pela exclusão de um relacionamento com um ator. O spokesman é o ator que articula o silenciamento ao criar um ponto de passagem obrigatório e decidir quais atores não devem passar por este para que a ação proposta tenha sucesso. Diante do exposto, defendo que o silenciamento é fonte de sucesso de associações e que esse é uma prática do social. A presente tese avança com o argumento do silenciador, um papel do spokesman, que opta por não representar algo para manter sua rede ou para conseguir mais associações, como preconizado pela TAR. O avanço está dirigido para o sucesso das traduções. Callon (1986) e Latour (2005) concordam que o sucesso de traduções está em uma boa representação de determinada realidade. O silenciamento fundamenta-se em uma má representação, em uma exclusão. O movimento de silenciar, tanto na literatura analisada quanto na organização etnografada, foi fonte de sucesso em traduções. Nesta tese concluo que representar e silenciar são fontes de sucesso em tradução. Concluo também que os rastros deixados por atores em uma rede são mediadores de ações de silenciamento