Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Nascimento, Ana Silvia de Morais |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-14042023-140224/
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Resumo: |
Por meio de uma pesquisa-intervenção de inspiração psicanalítica, investigamos a posição do sujeito imigrante haitiano na linguagem, em dispositivos propiciadores à tomada da palavra. Considerando que, do ponto de vista discursivo, diferentes sujeitos ocupam um lugar semelhante na estrutura, procedemos a uma análise transindividual. Para isso, situamos como objeto de pesquisa as oscilações (e vacilações) do sujeito imigrante haitiano em torno do objeto voz (LACAN, 1964), analisadas em atividades voltadas à escrita. Nossa tese é a de que, ao fazer face à vertente excessiva do objeto voz pela via ressonante da palavra, atividades de escrita com componentes lúdicos ou poéticos podem alterar a posição do sujeito imigrante haitiano na linguagem, suportando e possibilitando um dizer. Posto isso, a investigação objetivou: a) investigar o modo como imigrantes haitianos relacionam-se com os elementos que os fazem silenciar ou que funcionam como um convite à fala e à escrita; b) construir um espaço geográfico, temporal e transferencial para acolher e propiciar novos percursos linguísticosubjetivos; c) explorar os processos de construção de uma narrativa de si; e d) verificar quais elementos são transferidos na passagem de uma língua a outra, concernindo ao mais singular do sujeito. Para isso, construímos uma Oficina de escrita de histórias de vida voltada a alunos imigrantes haitianos do CIEJA-PERUS I, como um dispositivo de pesquisa e intervenção. A Oficina contou com 108 participantes, sendo 63 homens e 45 mulheres. O corpus da pesquisa foi composto por 128 manuscritos, escritos em cinco línguas (português, crioulo haitiano, francês, inglês e espanhol), além de relatos orais e descrições de cenas registrados no diário de bordo da pesquisadora. Para efetuar o recorte analítico da tese, adotamos como critério os fenômenos que podem indiciar momentos de entrave ou de abertura à tomada da palavra, quais sejam: a) as repetições significantes; b) os esquecimentos e c) os lapsos. O recorte final da análise foi composto por onze excertos textuais, bem como por dez fragmentos do diário de bordo da pesquisadora. Na análise dos dados, realizada a partir do paradigma indiciário (GINZBURG, 1989), consideramos a hipótese psicanalítica segundo a qual há uma afinidade entre sujeito, escrita e inconsciente; bem como a fecundidade do testemunho indireto, no qual um terceiro efetua uma leitura literal de modo a propiciar a transmissão (ALLOUCH, 2007). Observamos três modos de silenciamentos ao longo da Oficina: a) anunciando o fato de não se conseguir dizer algo acerca da própria história; b) fazendo calar, no outro (parceiro da fala em seu registro imaginário), os supostos desvios linguísticos envolvidos no risco de (se) dizer; c) calando-se, apenas. A nosso ver, as três facetas do silenciamento apontaram a proximidade de um núcleo traumático da/na língua. A insistência na oferta da palavra possibilitou passagens, momentos de abertura pelos quais um sujeito se fez passar, seja: a) narrando-se, por meio do ancoramento ao nome próprio em função de dêixis; b) procedendo a distintos modos de (re)nomeações ou, c) enfrentando a estranheza provocada pelo que a língua tem de traumática, com seus equívocos provenientes de alíngua (LACAN, 1972-1973). Concluímos que as atividades de escrita com componentes lúdicos ou poéticos podem se prestar como um auxiliar nos programas de acolhida a imigrantes estrangeiros, com vistas à inserção linguística e reconfigurações subjetivas. |