Modulação da Produção de Lactato por Células de Schwann Infectadas pelo Mycobacterium leprae e sua Implicação na Neuropatia Hansênica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Vasconcelos, Karina Girardi do Carmo de
Orientador(a): Lara, Flávio Alves, Pessolani, Maria Cristina Vidal
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23798
Resumo: A hanseníase caracteriza-se como uma doença infectocontagiosa crônica, com grande potencial incapacitante, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae. O bacilo é a única bactéria conhecida capaz de infectar o sistema nervoso periférico, afetando principalmente macrófagos e células de Schwann, gerando desmielinização segmentar e perda axonal. Acredita-se até o momento que a lesão do nervo é resultado da infecção do M. leprae ao parênquima neural, o que gera recrutamento de células polimorfonucleares e subsequente neurite. Muito tem se estudado sobre o metabolismo de células gliais no sistema nervoso central e, nos últimos anos, no sistema nervoso periférico. O lactato é um produto da glicólise anaeróbia e desempenha um papel importante no metabolismo axonal, sendo exportado pelas células de Schwann para os axônios através de transportadores específicos, onde é então metabolizado, representando a principal fonte de energia axonal. No presente estudo, foi observada a redução de liberação de lactato por células de Schwann infectadas pelo M. leprae e, apesar desta redução, as células infectadas superexpressaram os transportadores de monocarboxilatos (MCT). Além disso, a adição dos sobrenadantes de células de Schwann infectadas em culturas de neurônios primários demonstrou visível efeito neurotóxico Através do uso do 6-ANAM, inibidor específico da glicose 6-fosfato desidrogenase (G6PD), principal enzima da via das pentoses fosfato, constatamos que a liberação de lactato por células de Schwann infectadas é restaurada e a viabilidade do M. leprae diminui. Análises preliminares do fluxo de carbono demonstraram grande incorporação de carbono oriundo da via das pentoses fosfato em aminoácidos essenciais em células infectadas pelo bacilo. Por fim, a inibição da via das pentoses reverteu parcialmente o efeito neurotóxico presente nos meios condicionados por células de Schwann infectadas. Assim, a modulação do metabolismo energético da célula hospedeira pode representar um novo mecanismo de insulto axonal relacionado à infecção pelo M. leprae, sendo a via das pentoses fosfato uma rota extremamente importante para a viabilidade do bacilo, e por esse motivo, um alvo em potencial para o desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas para o controle da Hanseníase e da neuropatia associada a esta doença