Investigação de vírus em flebotomíneos (Diptera: Psychodidae), em uma comunidade rural na Amazônia Central Brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Cardoso, Antonio José Leão
Orientador(a): Naveca, Felipe Gomes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/50547
Resumo: Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) apresentam distribuição mundial e aproximadamente 10% das espécies conhecidas são incriminadas como vetores de agentes etiológicos de doenças humanas, principalmente parasitas do gênero Leishmania. Os flebotomíneos têm sido encarados como vetores negligenciados de doenças virais, mas transmitem arbovírus de importância médica e veterinária que afetam áreas urbanas, Periurbanas e rurais, em sua maioria em populações em situações precárias de vida, normalmente associadas à pobreza. Dentre esses vírus os mais relevantes são os do gênero Phlebovirus (família Phenuiviridae) que causam de febre autolimitada (febre dos flebótomos) a infecções neurológicas. Na Bacia Amazônica brasileira, vírus desse gênero já haviam sido registrados no estado do Pará e até então sem registro no estado do Amazonas. Foi realizado uma pesquisa no assentamento rural de Rio Pardo, município de Presidente Figueiredo, área metropolitana de Manaus entre 2017 e 2018 utilizando armadilhas luminosas tipo-CDC e aspiração mecânica em base de árvores. Após as coletas, os flebotomíneos foram mantidos em cadeia fria; no laboratório, as fêmeas foram separadas e identificadas. De 2.468 flebotomíneos capturados, 991 fêmeas, distribuídas em 35 espécies gerando 460 pools contendo de 1 a 26 flebotomíneos, que foram macerados e inoculados em células VERO e C6/36. Desses, 38 pools induziram efeito citopático, 21 apenas em VERO, 11 apenas em C6/36 e 3 em ambas. Foram realizadas PCR’s convencionais para o gênero Phlebovirus e um pool com 14 fêmeas de Lutzomyia sp. coletado em um ambiente de floresta foi positivo, o que indica que este vírus está circulando na população de flebotomíneos de Rio Pardo. Resultados preliminares de sequenciamento nucleotídico e análises filogenéticas indicam que é um Phlebovirus potencialmente novo, similar ao vírus Uriurana, previamente isolado no Pará, que nós provisoriamente denominamos de Rio Pardo flebovirus (RIOPV). O vírus induziu efeito citopático em células HepG2, o que é um indicativo de que esse vírus é capaz de infectar células de vertebrados. Também foi isolado com sucesso em células C6/36 e HepG2 e experimentos adicionais estão em andamento para caracterizar o isolado de RIOPV por completo. Nós também identificamos uma bactéria de microbiota de flebotomíneos com genes de resistência. Nossos resultados reforçam a necessidade de contínua vigilância de potenciais patógenos de humanos em vetores em áreas da floresta Amazônica.