Educação em saúde no controle da Dengue no Brasil, 1988 a 2004: reflexões sobre a produção científica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Ferreira, Fabiana Silva
Orientador(a): Oliveira, Rosely Magalhães de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5342
Resumo: Este estudo busca refletir sobre o conhecimento científico em educação em saúde no controle da dengue no Brasil, levantando os conteúdos e as abordagens/concepções educativas presentes nesses estudos. Realizou pesquisa qualitativa, utilizando-se análise de conteúdo da produção científica, cadastrada nas bases LILACS e MEDLINE, sobre educação em saúde no controle da dengue, publicada no período de 1988 a 2004. Num total de 379 resumos de estudos sobre dengue nesse período, foram identificados e selecionados 25 documentos sobre educação em saúde no controle da dengue para realizar a análise. Com essa seleção criou-se um quadro, identificando o pressuposto e objetivos de cada estudo, metodologia utilizada, resultado e conclusão. Os estudos foram classificados em cinco eixos de investigação, no qual foram apresentados seus conteúdos relevantes, analisando-se também o formato da cada abordagem/concepção educativa presente no estudo. Verificou-se nessas produções científicas que, apesar de a população ter acesso a informações sobre os mecanismos de transmissão da doença e de seu controle, isto não implica a adoção de práticas preventivas. Observou-se que as abordagens tradicionais adotadas pelos órgãos de saúde não têm produzido os efeitos esperados, já que muitas vezes não levam em conta a realidade de cada localidade. Além disso, essas produções científicas apontam que as práticas educativas oficiais responsabilizam a população pelo controle do vetor da doença e não consideram que a ação da população muitas vezes está limitada pela inexistência de infra-estrutura sanitária, que poderia fornecer uma proteção sanitária coletiva. Indicam para a necessidade de novas estratégias educativas, mas poucos apontam que essas estratégias devam ser baseadas na organização e conhecimento do nível local, levando em conta os discursos, valores e o saber popular, articulando a questão da dengue com outras prioridades da população. Analisando as abordagens educativas predominantes nos serviços de saúde, verificou-se que estas partem de uma perspectiva reducionista da doença, articulando a dengue como um problema entomológico, permanecendo o vetor como o único elo vulnerável, sob o pressuposto de que acúmulo de informação produziria, automaticamente, uma mudança da prática da população. Conclui-se que as práticas educativas em dengue não estão valorizando o “real papel” da participação da população no controle da doença e da necessidade de repensar essas práticas do ponto de vista popular.