As dores e delícias da formação médica. Um estudo de caso sobre a qualidade de vida dos estudantes de Medicinada Faculdade de Ciências Médicas da UERJ

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Chazan, Ana Cláudia Santos
Orientador(a): Campos, Mônica Rodrigues, Moreira, Carlos Otávio Fiúza
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/12821
Resumo: Este trabalho buscou compreender a relação entre a qualidade de vida (QV) dos estudantes de medicina de uma escola pública tradicional do Rio de Janeiro e a formação médica e foi desenvolvido em duas etapas. Entendeu-se QV como uma construção subjetiva, só possível de ser avaliada pelo próprio sujeito, multidimensional e composta por elementos que devem estar presentes e outros que devem estar ausentes.Utilizou-se na primeira fase o WHOQoL-Bref, instrumento validado no Brasil e, com isso, observou-se uma queda nos escores de QV dos estudantes do terceiro e sexto ano,etapas importantes do desenvolvimento profissional. Dos 394 participantes, com média de idade de 23 anos, 20 por cento referiram pelo menos uma morbidade crônica (MCR). Muitas destas podem ser resultado de estresse, ou por este exacerbadas. Estudantes com MCR, do sexo feminino (61 por cento), cotistas (43 por cento) e da classe econômica C (20 por cento), apresentaram menores escores de QV. O efeito negativo conjunto destas variáveis teve maior expressão na variabilidade (R2) nos domínios físico (18%) e meio ambiente (22 por cento). Na segunda etapa, realizou-se uma abordagem qualitativa, tendo sido entrevistados 21estudantes e 16 docentes. O uso do conceito de habitus como matriz de percepção e categoria analítica, possibilitou compreender como o cotidiano da formação e os processos de ensino-aprendizagem afetam a QV dos estudantes e levantou hipóteses sobre a maior vulnerabilidade dos cotistas. Observou-se que as práticas hegemônicas do modelo biomédico e do ensino tradicional são reproduzidas na escola pela força do habitus. A desconstrução do sujeito que ocorre ao longo da formação se dá sobre os pacientes e os estudantes, que não tem suas necessidades de cuidado e aprendizagem percebidas nem acolhidas, mas também sobre os professores, excluídos dos processos de gestão da escola.