Fatores associados à distribuição epidemiológica e espacial das notificações de leishmaniose visceral, Brasil, 2001 a 2014

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Reis, Lisiane Lappe dos
Orientador(a): Gonçalves, Maria Jacirema Ferreira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/30808
Resumo: Introdução. A leishmaniose visceral(LV) é uma doença negligenciada em expansão territorial e com diferenças regionais no Brasil, caracterizada por mudanças epidemiológicas que necessitam ser exploradas. Este trabalho objetiva descrever a distribuição epidemiológica, espacial e temporal das notificações de leishmaniose visceral no Brasil, identificando diferenças entre os períodos 2001 a 2006 e 2007 a 2014 e correlacionar fatores ambientais e climáticos com a taxa de incidência de LV no estado de Tocantins, maior incidência de LV no país no período do estudo. Métodos. Análise das notificações de LV e taxas de incidência agrupadas nos períodos 2001-2006 e 2007-2014, por estados, regiões e municípios do Brasil. Dados sociodemográficos, clínicos e evolução dos casos foram analisados no conjunto dos apresentados pelo número e percentual. A distribuição espacial da taxa é analisada por município, com identificação de mudanças no padrão espacial e temporal. No estado do Tocantins, a taxa de incidência de LV e as variáveis urbanização, elevação, precipitação, umidade, Enhanced Vegetation Index (EVI) e temperatura foram analisadas descritivamente, por meio da média e desvio padrão. A normalidade foi testada utilizando o teste de Shapiro-Wilk e a correlação, por meio do teste de Spearman. A tendência linear, entre as médias das variáveis, em cada categoria de taxa, foi avaliada pela Análise de Variância (ANOVA). Resultados. Foram notificados 47859 casos de LV entre 2001 e 2014 no Brasil, com predomínio na macrorregião Nordeste, a única a apresentar diminuição da taxa. O estado de Tocantins apresenta maior taxa bruta de incidência, o que aumentou a LV na macrorregião Norte. A LV predomina no sexo masculino, em menores de 4 anos e na zona urbana, porém houve aumento nos adultos maiores de 40 anos. A expansão territorial foi verificada no mapeamento, com casos humanos e caninos autóctones e com o registro do vetor no estado; e a distribuição temporal mostra estabilidade no Brasil, com diferenças regionais. Na análise no estado de Tocantins, foi identificada correlação da taxa de incidência de LV com variáveis climáticas e ambientais, cuja tendência é linear e significativa. Ocorre aumento nas taxas de incidência, na medida em que aumentam os valores de precipitação anual, umidade, Enhanced Vegetation Index (EVI) e temperatura mínima. Por sua vez, essa relação é inversa para a elevação, em que nos municípios com altitudes mais baixas houve registro de mais incidência de LV. Conclusões. A LV está em expansão no Brasil, predominando na zona urbana em menores de 4 anos, embora ocorra aumento em maiores de 40 anos. Além de Tocantins com as maiores taxas, destacam-se novos focos na macrorregião Sul e leve decréscimo no Nordeste. A LV é uma doença influenciada por variáveis climáticas e ambientais, as quais podem proporcionar condições ideais de desenvolvimento do vetor. O estado de Tocantins apresenta-se como um misto entre as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil, cujos biomas diferenciados contribuem para doença nesse estado.