Vivências de mulheres negras na assistência ao parto: vulnerabilidades e cuidados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Lima, Kelly Diogo de
Orientador(a): Lyra, Tereza Maciel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28208
Resumo: A presente pesquisa tem por objetivo compreender e analisar as vivências de mulheres negras acerca dos cuidados na gravidez e parto. Foram abordadas as práticas individuais e institucionalizadas de cuidados na gravidez, parto e nascimento. Também foi identificado em que medida essas mulheres sofreram ou percebem a discriminação racial nos serviços de saúde. Trata-se de uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa, tendo como principal linha teórica o pensamento feminista interseccional. Foram entrevistadas nove mulheres que se autodeclaram negras ou pretas e que em algum momento foram assistidas pelo serviço público de saúde – SUS, nos municípios de Pernambuco. As participantes foram selecionadas pela técnica metodológica Snowball, e as narrativas foram coletadas através da entrevista semiestruturada. Foi utilizado a técnica de Análise de Conteúdo de Bardin. Nos relatos, foram observados episódios de violência obstétrica, bem como, atos de discriminação racial contra as mulheres pelos profissionais de saúde. Além da assistência médica, as participantes ligadas às religiões de matriz africana relataram cuidados espirituais realizados nos terreiros. As identidades de raça, posição de classe, dentre outros marcadores sociais, são determinantes nas intervenções e práticas abusivas na atenção que envolve o parto. O racismo dificulta e nega o acesso às mulheres negras aos seus direitos reprodutivos nos serviços de saúde. O modelo hegemônico de cuidado não abarca a complexidade do processo de saúde e doença da população brasileira. Muitas mulheres acabam incorporando nas suas práticas de cuidado valores orientados e adquiridos tradicionalmente pelos povos africanos e indígenas, cujos conhecimentos buscam uma harmonia entre o corpo e o sagrado.