Retardo do tratamento de mulheres com câncer do colo do útero

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santana, Perla Machado
Orientador(a): Ribeiro, Guilherme de Sousa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/18010
Resumo: INTRODUÇÃO: O câncer do colo do útero é uma doença que apresenta um alto potencial de cura quando diagnosticado e tratado precocemente. Entretanto, sua morbimortalidade em todo o mundo ainda é elevada, constituindo-se um grande problema de Saúde Pública. O diagnóstico tardio desta neoplasia e o atraso no início do tratamento são fatores que comprometem a sobrevivência das mulheres acometidas. Assim, os determinantes para o retardo no atendimento especializado e no início do tratamento precisam ser melhor compreendidos para a efetiva assistência a essas mulheres. OBJETIVO: Descrever as características demográficas, socioeconômicas, clínicas e relacionadas ao acesso a serviços de saúde de mulheres com câncer do colo do útero e investigar a associação destas características com o retardo para um atendimento especializado e para o início do tratamento. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de coorte onde foram incluídas mulheres com câncer do colo do útero atendidas no Hospital Aristides Maltez, no período de 2011 a 2014. Foram coletados dados demográficos, socioeconômicos, clínicos e de acesso ao serviço de saúde das pacientes, descritos através da mediana e intervalo interquartil para variáveis contínuas, e por frequências absolutas e relativas para variáveis categóricas. Foram obtidos dados sobre o tempo entre o início dos sintomas e o primeiro atendimento no hospital, bem como sobre o tempo entre o primeiro atendimento no hospital e o início do tratamento. A associação entre as variáveis de exposição e de desfecho foram analisadas inicialmente através do Teste de Wilcoxon ou Teste qui-quadrado. As variáveis que apresentaram associação com um nível de significância de 20% foram incluídas em modelos de regressão linear ou logística para investigar associações independentes com um nível de significância de 5%. RESULTADOS: Foram incluídas 897 pacientes, predominando mulheres pardas, casadas, residentes do interior da Bahia, com idade mediana de 50 anos e com baixo nível socioeconômico. Essas mulheres apresentarem doença com estadiamento avançado, que exigiu mais de um tipo de tratamento, sendo mais comuns as intervenções radioterápicas e quimioterápicas. A mediana de tempo entre o início dos sintomas e o primeiro atendimento no hospital foi de 6 (IIQ: 3- 12) meses. Nas análises multivariadas características demográficas, socioeconômicas e de acesso ao serviço de saúde não estiveram associadas com o tempo decorrido para o primeiro atendimento. A mediana de tempo entre o primeiro atendimento no hospital e o início do tratamento foi de 91 (IIQ: 63- 127) dias. Observou-se que menor nível de escolaridade, estágio mais avançado da doença e radioterapia ou quimioterapia como principal tratamento realizado foram fatores associados com o retardo no tratamento da doença. CONCLUSÕES: Para a maior parte das mulheres houve atraso no acesso ao primeiro atendimento especializado e no início do tratamento do câncer cervical. O tempo para início do tratamento esteve associado com algumas características socioeconômicas e clínicas. São necessárias medidas de melhoria da rede de serviços de atendimento especializado no diagnóstico e tratamento desta neoplasia e, adicionalmente, melhoria na assistência pela Estratégia de Saúde da Família e na qualidade dos programas de rastreamento, bem como na educação em saúde.