Avaliação do tempo de espera no manejo terapêutico e seus efeitos na sobrevida de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero em uma coorte hospitalar no INCa-II

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Silva, Iléia Ferreira da
Orientador(a): Jorge, Rosalina, Silva, Ilce Ferreira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34348
Resumo: O câncer cervical é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, cuja mortalidade pode ser afetada por diversos fatores, como o atraso para o encaminhamento e tratamento na unidade hospitalar de referência. Avaliar os tempos de espera no tratamento prescrito segundo os fatores sociodemográficos, ambientais e clínicos, e os seus efeitos na sobrevida de mulheres diagnosticadas e tratadas com câncer do colo de útero nos anos de 2012 a 2014. Estudo observacional retrospectivo de uma coorte hospitalar de mulheres diagnosticadas com câncer de colo de útero e tratadas no INCa/II. Os dados foram obtidos pelo Registro Hospitalar de Câncer /INCa, prontuário físicos e eletrônicos, e do sistemas de faturamento hospitalar. Os intervalos analisados foram divididos no tempo entre : o diagnóstico e o atendimento no INCa (T1), o diagnóstico e o início do tratamento (T2), o diagnóstico e final do tratamento (T3), o início e fim do tratamento (T4), o início da radioterapia e final da braquiterapia (T5), o final da radioterapia e início da braquiterapia (T6). As pacientes matriculadas em 2012 foram seguidas até dezembro de 2015 para a análise de sobrevida câncer-específica. Entre as 671 pacientes incluídas no estudo, o tempo mediano T1 foi de 29 dias; de T2 foi de 117 dias; de T3 foi de 262 dias; de T4 de 140 dias; de T5 foi de 170 dias; e de T6 foi de 111 dias. Os fatores associados ao atraso no T1 foram Estadiamento inicial (OR 1,5; 1,05-2,13) e cor nãobranca (OR 1,54; 1,08-2,20); já os fatores associados a T2 foram baixo grau de instrução (OR 2,18; 1,06-4,46), Idade > 40 anos (OR 2,13; 4,35) e cor não-branca (OR 2,45; 1,23-4,80); enquanto os associados a T3 foram tratamento radioterápico (OR 5,67; 3,04-10,57), baixo grau de instrução (OR 1,63; 1,08-2,46) e cor da pele não-branca (OR 1,53; 1,05-2,24). Os fatores associados a T4 foi não ter feito CAF (OR 2,86; 1,61-9,24), estádio avançado (OR 6,44; 4,50-9,24), tratamento radioterápico (OR 27,17; 13,14-56,18); enquanto a T5 foram Idade > 40 anos (OR:7,52; 3,16-17,87), ter companheiro (OR:4,97; 2,06-11,97); cor não-branca (OR 4,27; 2,29-9,94), alto grau de instrução (OR 3,39; 1,37- 8,37), Ocupação com maior renda (OR 3,50; 1,30-9,36), ter comorbidade (OR 6,80; 1,98-22,46), estádio avançado (OR 27; 13,33-54,68). Apenas idade > 40 anos esteve associada a T6 (OR 5,80; 3,23-10,46). Entre as mulheres com estadiamento inicial, o atraso entre início e término do tratamento (< 60 dias 97,4%; > 60 dias 72,2%) e entre o diagnóstico e fim do tratamento (< 120 dias 100%; > 120 dias 83,7%) afetaram significativamente a sobrevida em 36 meses. Todos os intervalos apresentaram um tempo de espera maior que o recomendado pela literatura. Os intervalos até o tratamento apresentaram forte associação com o baixo nível sócio econômico e com o estadiamento avançado. Porém, o estadiamento avançado não teve a sobrevida afetada, devido à urgência na realização do tratamento pelas piores condições clínicas da mulher. O maior tempo dos diferentes tratamentos realizados, apresentou fatores relacionados ao sistema. Apenas o atraso entre início e término do tratamento afetou estatisticamente a sobrevida em 36 meses na coorte estudada.