Características clínicas e laboratoriais da crise de dor em gestantes com doença falciforme

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Araújo, Lorena dos Santos
Orientador(a): Zanette, Dalila Lucíola
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/32378
Resumo: A gestação para mulheres com doença falciforme é considerada de alto risco com maior risco de morbidade e mortalidade materna e fetal. O aumento da frequência e da gravidade das crises de dor ocorrem durante a gravidez de mulheres com doença falciforme. OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi analisar as características clínicas e laboratoriais de gestantes com doença falciforme diante de crises de dor. MATERIAL E MÉTODOS: Foi desenvolvido um estudo observacional, de corte longitudinal, prospectivo, descritivo, exploratório, de abordagem quanti-qualitativa. Foram incluídas na pesquisa 27 mulheres com doença falciforme, sendo destas 13 nulíparas e 14 gestantes, acompanhadas pelo Ambulatório Municipal Especializado em Doença Falciforme e pelo Ambulatório da Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Netto, respectivamente. Foram realizadas entrevista estruturada e acompanhamento de exames laboratoriais. As análises estatísticas foram realizadas utilizando os softwares Graph Pad Prism versão 6, SPSS versão 22, e programa Excel versão 2010. RESULTADOS: A maior parte das mulheres nulíparas e gestantes classificaram a crise de dor como frequente. A maioria das mulheres nulíparas com doença falciforme demoraram mais dias para obter a resolução da sua dor em relação às gestantes com doença falciforme. Quanto à intensidade da dor, houve variação entre dor leve a moderada nos dois grupos analisados, com destaque para a dor moderada no grupo de nulíparas; e dor moderada e intensa no grupo de gestantes. Os locais anatômicos dolorosos mais acometidos foram os membros superiores e inferiores no caso das mulheres nulíparas; e membros inferiores e colunar lombar no grupo de gestantes. Destaca-se que os fatores sensoriais e afetivos apresentaram uma maior influência na percepção da dor pelas participantes deste estudo. Dentre os exames laboratoriais analisados nesse estudo, notou-se que as gestantes com DF em estado de crise de dor em comparação com mulheres nulíparas com DF estáveis, apresentaram níveis de hemácias, hematócrito e hemoglobina significativamente mais baixos; valor de CHGM significativamente maior; contagem de leucócitos, porcentagem de neutrófilos, bastonetes e segmentados, foram significativamente maiores; porcentagem de eosinófilos e linfócitos foram significativamente menores. CONCLUSÕES: O quadro de crise de dor apresentado pelas gestantes com DF está associado a níveis alterados nos parâmetros hematológicos e hemolíticos. Sendo assim, futuras intervenções preventivas podem ser direcionadas para o controle da crise de dor e dos níveis sanguíneos desses parâmetros nessas pacientes. Os resultados deste trabalho consolidam a idéia de que a gestação é um fenômeno que está relacionado à crise de dor na doença falciforme e que é capaz de alterar determinados parâmetros laboratoriais, que devem ser levados em consideração para garantir uma assistência à saúde adequada, com a finalidade de evitar as complicações e proporcionar bem- estar materno-fetal.