Doença falciforme: biomarcadores laboratoriais e inflamatórios associados a manifestações clínicas e uso da hidroxiuréia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Guarda, Caroline Conceição da lattes
Orientador(a): Gonçalves, Marilda de Souza
Banca de defesa: Godoy, Ana Leonor Pardo Campos de, Tavares, Natália Machado, Almeida, Maria da Conceição Chagas de, Cardoso, Thiago Marconi de Souza, Gonçalves, Marilda de Souza
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Bahia
Programa de Pós-Graduação: Pós-Graduação em Patologia Humana e Patologia Experimental (PGPAT) 
Departamento: Faculdade de Medicina da Bahia
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38600
Resumo: INTRODUÇÃO: A doença falciforme (DF) é um grupo de hemoglobinopatias onde a anemia falciforme (AF), caracterizada pela homozigose HbSS, é a forma mais grave, enquanto a hemoglobinopatia SC (HbSC), apesar de menos grave, é a segunda mais prevalente. As manifestações clínicas na DF são heterogêneas, o que faz com que os marcadores laboratoriais e inflamatórios sejam úteis na prática clínica. Diversos mecanismos fisiopatológicos foram propostos ao serem associados as manifestações clínicas e ao envolvimento inflamatório sistêmico da doença. O tratamento da DF consiste, principalmente, no uso da hidroxiureia (HU), que é capaz de melhorar os marcadores laboratoriais e reduzir as manifestações clínicas. OBJETIVO: Investigar marcadores inflamatórios e laboratoriais associados a manifestações clínicas na DF, bem como ao uso da HU. MÉTODOS: O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (CAAE: 52280015.1.0000.0048), as análises laboratoriais foram desenvolvidas por métodos automatizados e os pacientes são acompanhados na Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (HEMOBA). RESULTADOS: O primeiro manuscrito teve a casuística de 181 pacientes com DF (126 HbSS e 55 HbSC), no qual foram comparadas as alterações clínicas e laboratoriais presentes nos dois genótipos. Nossos resultados sugerem que os indivíduos com AF apresentam anemia, hemólise, leucocitose e inflamação de forma mais proeminente, bem como maior frequência de complicações clínicas, enquanto os pacientes HbSC apresentam menos hemólise e complicações clínicas. No segundo manuscrito investigou-se a associação entre as manifestações clínicas e o perfil lipídico em um grupo de 126 pacientes com AF. Observou-se a associação entre o histórico de pneumonia e níveis elevados de colesterol total; úlcera de perna e níveis reduzidos de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e crises de dor e níveis elevados de lipoproteína de alta densidade (HDL). Observou-se também a associação entre níveis elevados de colesterol total, LDL e HDL com marcadores de hemólise e concentração de HbF, o que foi confirmado nas análises de correlação entre os indivíduos com pneumonia e crise de dor. No terceiro manuscrito foram estudados 43 indivíduos com AF, sendo investigados os níveis plasmáticos de interleucina-8 (IL-8) e a presença do polimorfismo rs4073 o gene CXCL8. Os resultados sugeriram que os indivíduos portadores do alelo A apresentaram níveis elevados de IL-8, que também estiveram associados a marcadores de inflamação e hemólise. Além disso, níveis diminuídos de IL-8 também estiveram associados a ocorrência de esplenomegalia. No quarto e último manuscrito desta tese, investigou-se o efeito do tratamento com HU nos monócitos dos pacientes com AF. Foram incluídos 37 pacientes, dos quais 17 estavam sob tratamento com HU e 20 sem uso da medicação. Os resultados mostraram que a HU foi capaz de reduzir a contagem de monócitos no sangue periférico, reduzir a frequência de monócitos clássicos (CD14++CD16-) e aumentar a de monócitos não clássicos _________ 11 (CD14dimCD16+). A HU também teve influencia na produção de citocinas, como o TNF-α, IL-1β, IL-6 e de fator tecidual (FT) pelos monócitos, bem como na polifuncionalidade destas células. Os resultados ainda sugeriram a associação entre os monócitos que produzem FT e a ocorrência de vaso-oclusão e que os monócitos clássicos podem ser responsáveis por produzir citocinas e FT na AF. CONCLUSÕES: Os resultados obtidos corroboram com estudos prévios sobre os aspectos clínicos e inflamatórios da DF, além de demonstrar associações novas entre os mecanismos fisiopatológicos da doença, marcadores laboratoriais e moléculas pró-inflamatórias.