Reações adversas a medicamentos e abandono ao tratamento da tuberculose

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Damasceno, Glauciene Santana
Orientador(a): Rozenfeld, Suely
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24640
Resumo: Introdução: A tuberculose é a doença que mais mata no mundo. No país, ela constitui a 4ª causa de mortalidade por doenças infecciosas, com cerca de 6 mil óbitos/ano. Esses óbitos são atribuídos principalmente ao uso irregular e ao abandono da farmacoterapia. No entanto, a tuberculose é curável em praticamente 100% dos casos, desde que o regime terapêutico, preconizado pelo MS, seja cumprido corretamente. Os medicamentos são eficazes, mas podem ocasionar reações adversas e aumentar a proporção de pacientes que abandonam o tratamento. Objetivos: Caracterizar as reações adversas aos medicamentos (RAMs) antituberculose segundo a gravidade, causalidade e sistema-órgão afetado e analisar a sua relação com o abandono do tratamento da TB nos casos novos atendidos no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, Rio de Janeiro. Metodologia: Estudo de coorte retrospectivo, com revisão de prontuários de cento e setenta e seis pacientes considerados casos novos de tuberculose pulmonar, moradores do Complexo de Manguinhos, RJ, atendidos no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz-RJ), no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2008. Foram excluídos: os indivíduos não considerados casos novos de tuberculose pulmonar; acometidos por outros tipos de tuberculose. Foi realizada análise descritiva dos casos e análise estratificada, segundo o desfecho do tratamento. Resultados: Dos 176 pacientes estudados, 73(41,5%) desenvolveram uma ou mais RAMs, totalizando 126 ocorrências. Apesar de haver predomínio do sexo masculino na amostra estudada, a proporção de RAMs foi maior entre as mulheres (RR=1,42; IC 95% 1,06- 1,92), aqueles com 50 anos de idade ou mais (RR=1,63; IC 95% 0,99- 2,67), aqueles com três ou mais co-morbidades (RR=3,96; IC 95% 1,43- 11,0) e os que utilizaram 5 ou mais medicamentos (RR=1,75; IC 95% 1,25- 2,47). Do total de reações, 71,5% são consideradas reações menores e 6,3% maiores segundo o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde (GVE/MS). Os sistemas-órgãos mais afetados pelas RAMs foram: o gastrointestinal (29,4%), pele e anexos (21,4%), sistema nervoso central e periférico (14,3%) e sistema muscular-esquelético (10,3%). Houve predomínio de reações prováveis (75%) em relação às possíveis (24%). A presença de 3 ou mais comorbidades registradas (RR= 0,70; IC95%, 0,53-0,93), o uso de 5 ou mais medicamentos prescritos (RR= 0,75; IC95%, 0,64-0,88), e a ocorrência de reações adversas (RR = 0,76; IC95%, 0,64-0,89) são fatores de proteção contra o abandono do tratamento para TB. Conclusões: Os pacientes do Complexo de Manguinhos, RJ, atendidos no CSEGSF/ENSP/FIOCRUZ apresentaram freqüência elevada de RAMs antituberculose. Ter apresentado reação adversa a medicamentos antituberculose conferiu efeito protetor para o abandono. A hipótese inicial de que desenvolver RAM seria fator de risco para o abandono não foi refutada pelo resultado, possível fruto de viés associado ao desenho do estudo.