A atividade dos profissionais de medicina nuclear com o Iodo-131: um estudo em psicodinâmica do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silveira, Leila Cunha da
Orientador(a): Guilam, Maria Cristina Rodrigues
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24559
Resumo: As muitas incertezas presentes no trabalho dos profissionais de Medicina Nuclear que lidam com o 131I podem gerar riscos de exposição às radiações ionizantes. É imprescindível aproximar as normas e regulamentos da realidade complexa das atividades, na medida em que as normas, embora importantes, não as recobrem totalmente. A proposta deste estudo é buscar formas alternativas nos processos de trabalho na prática com o 131I que auxiliem na redução de riscos de exposição às radiações ionizantes para os trabalhadores. Baseando-se no referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho, estabeleceu-se os pressupostos de que os profissionais percebem os perigos da sua função e que eles não só se defendem contra o medo referente aos riscos, por mecanismos defensivos individuais e estratégias defensivas coletivas, mas também contra os próprios riscos, de forma concreta, recorrendo a procedimentos específicos eficazes para minimizar a exposição ocupacional à radiação. Um estudo de caso foi conduzido com 15 profissionais que lidam com o 131I para diagnósticos ou tratamento, numa instituição pública de saúde. As técnicas empregadas consistiram numa entrevista individual semi-estruturada e a observação direta assistemática. Analisou-se o discurso destes trabalhadores pelas técnicas de análise de conteúdo, segundo Bardin e pela análise da enunciação, segundo D’Unrug. Com a finalidade de verificar as diferenças entre a organização do trabalho real e a organização do trabalho prescrito, realizou-se uma pesquisa documental em relação às normas e regulamentos, nacionais e internacionais, sobre esta fonte radioativa, para comparar os dados da pesquisa documental com os dados provenientes das entrevistas. Os resultados identificaram contradições entre os modelos prescritivos das normas e o que é vivenciado pelos trabalhadores na atividade. O medo em relação aos riscos fez com que se defendessem, modificando os modos operatórios prescritos, em virtude de mecanismos de defesa individuais, como a racionalização e a negação do risco, e de estratégias defensivas coletivas, levando-os a um maior enfrentamento do risco como defesa. Observou-se também o papel defensivo das ideologias da profissão. Algumas categorias profissionais recorreram a procedimentos específicos a partir de conhecimentos tácitos aprendidos no ofício, contra os próprios riscos, denominados de saberes-fazer de prudência, capazes de minimizar a exposição à radiação. Em contrapartida aos discursos tradicionais sobre a prevenção, os trabalhadores percebem os perigos do seu trabalho, e os saberes-fazer de prudência, ao invés de serem abolidos pelos especialistas, devem ser reconhecidos e incorporados ao gerenciamento de riscos para que este possa ser realmente eficaz.