Singularidades dos sofrimentos masculinos: uma exploração a partir de encontros de um Médico de Família e Comunidade em uma favela do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Rafael Pereira
Orientador(a): Melo, Eduardo Alves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/52647
Resumo: Este trabalho, ao encontro de um movimento de expansão da abordagem da temática da saúde do homem para além de questões biológicas – ou mais precisamente, urológicas – pretendeu explorar as singularidades dos sofrimentos masculinos. O conceito de sofrimento aqui adotado advém da obra de Cassel e é entendido como uma ameaça ou dano à pessoa que, por sua vez, é compreendida como um conjunto de incontáveis elementos. Essa perspectiva permitiu ampliar a abordagem dos sofrimentos para além daqueles categorizados como transtornos mentais. No que diz respeito ao conceito de gênero, utilizou-se uma perspectiva relacional que o compreende como construído em relação a referenciais hegemônicos e, também, a partir das relações entre homens e mulheres e homens e outros homens. Para além disso, com base na obra de Judith Butler, adotou-se um entendimento do gênero como “verbo”, algo que se performa, e não como um fenômeno cristalizado em um binarismo irreal. Com o objetivo de explorar as singularidades dos sofrimentos masculinos, utilizou-se uma abordagem metodológica inspirada na cartografia para produção e análise de dados. Assim, o “campo” foi constituído de “cenas” (re)criadas a partir da memória de encontros com homens em sofrimento no contexto de atendimentos em uma UBS localizada em uma grande favela da cidade do Rio de Janeiro. Em seguida, realizou-se a análise do material, diálogos e identificação de enraizamentos com questões teóricas referentes à temática abordada. Como principais pontos explorados, destacam-se: a resistência/dificuldade no reconhecimento do sofrimento por parte de homens e também de profissionais de saúde. A relutância na busca por ajuda por parte de homens que, como visto em um dos encontros, pode acabar por ser intermediada pela mulher. As relações entre questões de ereção do pênis e sofrimentos masculinos. As intersecções entre raça/cor, nível socioeconômico, orientação sexual e produção de sofrimentos. As relações entre o diagnóstico de HIV e sofrimentos masculinos, bem como suas implicações para o cuidado. As intersecções entre sofrimentos “gendrados” e, por fim, os possíveis impactos de problemas relacionados à saúde do homem na experiência/sofrimentos de mulheres. Considerando-se a abordagem metodológica aqui utilizada, não foram alcançadas respostas e conclusões categóricas ou absolutas. Ao invés disso, foi possível explorar aspectos relevantes do tema, identificar pontos “sensíveis” na esfera do cuidado, além de apontar para possíveis caminhos para o cuidado de sofrimentos masculinos.