Sarampo na era da eliminação no Brasil: estudo de surtos recentes baseado no sequenciamento da região não codificante do genoma do vírus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Silva, Suelen Soares da
Orientador(a): Siqueira, Marilda Agudo Mendonça Teixeira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34092
Resumo: O sarampo é uma virose imunoprevenível, altamente contagiosa e com elevada morbimortalidade. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde declarou a eliminação de vírus do sarampo (MEV) na região das Américas. Entretanto, já que o vírus é endêmico em outras regiões, pode ser reintroduzido sob a forma de casos esporádicos, principalmente associado a viagens internacionais. O MEV pertence à família Paramyxoviridae, gênero Morbillivirus e encontra-se classificado em 24 genótipos e um sorotipo único. No Brasil, desde 2000 ocorrem casos importados de outros países. Em 2013, um surto se iniciou no nordeste do país, com grande número de casos. O objetivo deste estudo consistiu em investigar esse surto, ocorrido nos estados de Pernambuco (PE) e Ceará (CE) durante o período 2013-2015, sob a perspectiva virológica. As amostras clínicas e informações epidemiológicas foram coletadas pelas equipes de Vigilância Epidemiológica desses estados e encaminhadas para o confirmação do resultado e genotipagem no Laboratório de Referência Nacional (LVRS,IOC,Fiocruz). Após extração de RNA, o MEV foi detectado por RT-PCR em tempo real (protocolo CDC). Posteriormente, foi realizado RT-PCR convencional e sequenciamento do gene N (CDC/EUA;HPA/Inglaterra) e da região entre os genes M e F (RNC-M) das amostras positivas. No período avaliado, observamos a circulação de três genótipos virais no Brasil (B3, D4 e D8), sendo os dois primeiros associados a casos isolados. O genótipo D8, entretanto, foi introduzido no estado de PE e se disseminou para o estado do CE Com base na análise bayesiana da região RNC-MF, duas linhagens do genótipo D8 circularam nos surtos. Enquanto em PE foi identificada a introdução de uma linhagem viral (2013-2014), no CE (2014-2015) co-circularam duas linhagens, sugerindo dois eventos de introdução. As análises moleculares demonstraram que a região RNC-MF viral constituiu um alvo adequado para o rastreamento de surtos dada a sua maior variabilidade, quando comparada ao gene N. Finalmente, ao analisarmos a relação entre os resultados sorológicos e de detecção molecular por RT-PCR, considerando o atual cenário epidemiológico e a alta cobertura vacinal da população brasileira, observamos que a exclusiva detecção de anticorpos IgM para a confirmação dos casos positivos de sarampo não constitui uma estratégica diagnóstica totalmente confiável no atual cenário epidemiológico, dada a divergência encontrada entre os resultados sorológicos e a detecção molecular MEV. Esse conjunto de informações é de fundamental relevância para subsidiar o programa de vigilância epidemiológica de sarampo, visando a adoção oportuna das medidas de controle e prevenção de novos casos.