Obesidade & pobreza: o aparente paradoxo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2003
Autor(a) principal: Ferreira, Vanessa Alves
Orientador(a): Magalhães, Rosana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5190
Resumo: Nas últimas décadas a população brasileira experimentou intensas transformações em suas condições de vida, saúde e nutrição. Dentre as principais mudanças no perfil nutricional da população destaca-se o incremento da obesidade. Dados do Ministério da Saúde (2002) no Brasil revelam que 32% de nossa população adulta apresenta algum nível de excesso de peso. No entanto, a distribuição do problema não ocorre de maneira homogênea, ou seja, é possível perceber uma maior prevalência de obesidade em mulheres pobres da região sudeste do país. A compreensão desse aparente paradoxo impõe a busca de abordagens capazes de superar interpretações mecanicistas sobre as práticas e estratégias de consumo alimentar entre os grupos sociais mais desfavorecidos. Assim, o objetivo deste estudo é compreender a obesidade combinada à pobreza focalizando, além dos fatores determinantes de ordem econômica, constrangimentos de natureza cultural e simbólica, que possam estar articulados à conduta alimentar. Nesta perspectiva, o estudo buscou analisar o cotidiano das práticas alimentares através de entrevistas com mulheres obesas, usuárias do Centro Municipal de Saúde Píndaro de Carvalho Rodrigues e moradoras da Favela da Rocinha, compatibilizando informações sobre condições de vida e pobreza. Os resultados revelaram a estreita relação existente entre obesidade e pobreza. As tradições culturais, os aspectos simbólicos e materiais de vida, a alimentação e as diferentes percepções do corpo entre as mulheres entrevistadas demonstraram ser fundamentais para a explicação do perfil de obesidade no grupo. Neste sentido, o estudo alerta para a necessidade de reconhecer as múltiplas faces da obesidade no Brasil e, sobretudo as especificidades e singularidades dos diferentes segmentos da população. Tal perspectiva é importante para a proposição de estratégias e ações no campo das políticas de alimentação e nutrição.