Dilemas e contradições para a promoção da alimentação saudável na percepção de mães de escolares com excesso de peso

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Souza, Patrícia de
Orientador(a): Ferreira, Vanessa Alves
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UFVJM
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://acervo.ufvjm.edu.br/items/232fddc0-4067-42ad-9c25-ee3f73b5bb44
Resumo: A alimentação do homem se transformou radicalmente a partir do século XVIII com o processo de industrialização mundial. E mais recentemente, nas sociedades contemporâneas, esse processo se intensificou, conduzindo a um estilo de vida “moderno” caracterizado pelo sedentarismo e por uma dieta incrementada em produtos processados e ultraprocessados. Tal perfil tem contribuído consideravelmente para uma maior prevalência de doenças crônicas em grupos etários cada vez mais jovens, incluindo o público infanto-juvenil. A esse respeito, pesquisas têm evidenciado que o comportamento alimentar de crianças e adolescentes é influenciado por diferentes fatores, incluindo as escolhas alimentares parentais. Deste modo, o objetivo deste estudo foi analisar as percepções e os saberes dos pais e/ou responsáveis por crianças e adolescentes com excesso de peso sobre a categoria alimentação. Para isso, optou-se pela pesquisa de natureza qualitativa com a realização de 12 entrevistas semiestruturadas com mães em seus domicílios. A amostra foi constituída na sua totalidade por mulheres que apresentaram média de idade de 43 anos, eram em sua maioria pretas ou pardas (50%), com nível de escolaridade superior (33,33%) com renda monetária de ½ a 1 salário mínimo (41,66%) e que apresentavam excesso de peso (58,33%). Na etapa de análise dos resultados optou-se pela técnica da análise do conteúdo proposta por Bardin (2004). Os resultados evidenciaram os dilemas enfrentados pelo grupo em seu contexto de vida, entre eles: fatores de ordem socioeconômica, psicossocial e cultural. A dupla jornada de trabalho; os papéis de gênero; a falta de uma rede de apoio social; o contexto local; os recursos financeiros, o sistema agroindustrial e o marketing persuasivo, são elementos dificultadores. Nesta direção, a imposição de normas e comportamentos pautados em um modelo biomédico hegemônico não parece surtir efeitos positivos nesse grupo, em particular. Por outro lado, a educação fundamentada nos princípios freirianos por meio da reflexão e consciência crítica para a tomada de decisão aliada a construção de estratégias factíveis a partir da escuta afinada, nos parecem caminhos mais eficazes no enfrentamento desse problema. Deste modo, há de se refletir sobre a natureza das pesquisas atuais na área, assim como, a formação/conduta dos profissionais de saúde para que valorizem o contexto sociocultural nas ações de promoção da alimentação saudável.