Assistência à saúde bucal na população LGBTQIA+

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Soares, Michele de Oliveira
Orientador(a): Girianelli, Vania Reis
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56663
Resumo: No século XX a odontologia passou por diversos avanços, inicialmente um modelo de saúde higienista, centrado na doença, que precisou se alinhar a uma nova prática odontológica proposta pelo movimento da Reforma Sanitária. O processo de consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), e seus princípios doutrinários e organizacionais, demandou uma reorganização e reestruturação das ações e serviços de saúde bucal, rompendo com práticas obsoletas e técnicas pouco resolutivas que não correspondiam às necessidades da sociedade. Esse estudo surge pela ausência de informação sobre a saúde bucal da população LGBTQIA+ e pelo desmonte da PNSB. O objetivo é analisar a assistência à saúde bucal da população LGBTQIA+, sob a perspectiva do usuário. Foi realizada uma pesquisa epidemiológica observacional do tipo transversal descritivo para conhecer a utilização e dificuldade de assistência à saúde bucal dessa população. Responderam ao questionário online 359 pessoas, sendo elegíveis 329 (91,9%). Dessas 38,0% eram gays, 23,4% lésbicas e 13,4% transgêneros(as). A maioria tinha entre 18 e 39 anos (73,3%) e negros(as) (51,4%). A prevalência de assistência nos cinco anos anteriores a entrevista foi alta (93,7%), em particular nos seis meses anteriores a entrevista (44,7%). A prevalência entre brancos(as) e negros(as) foi similar, mas na população transgênera foi a prevalência mais baixa (88,6%), principalmente nos últimos seis meses (18,2%). Apenas 18,8% dos(as) participantes do estudo foram atendidos na rede pública, mas foi proporcionalmente maior entre os(as) transgêneros(as) (45,5%). A minoria informou ter tido dificuldade de assistência (24,9%), mas foi proporcionalmente maior entre a população transgênera (54,5%), que também teve mais discriminação (13,6%), especialmente por LGBTfobia. A dificuldade de acesso à assistência foi particularmente devido a morosidade ou impossibilidade de agendamento (40,2%) e financeira (22,0%). A perda dentária também foi proporcionalmente maior entre transgêneros(as) (61,4%; p = 0,040). A principal causa informada pelos(as) participantes foi cárie, doença periodontal ou abcesso (29,8%), seguido de má higiene oral, falta de cuidado ou interrupção do tratamento (19,9%). Dentre os que tiveram perda dentária (151), 72,8% foi de menos de cinco elementos (72,8%). A maioria dos(as) participantes informou preferir ser atendido por profissional LGBT (69,0%). A autopercepção da saúde bucal para maioria dos(as) participantes do estudo foi boa ou muito boa (53,2%), bem como para cisgêneros(as) (57,5%), lésbicas (61,0%) e negros(as) (43,7%); mas para os(as) transgêneros(as) foi ruim ou muito ruim (45,5%). O 6estudo contribuiu de forma inédita por contemplar a saúde bucal da população LGBTQIA+. A carência de estudos em outros países e ausência de pesquisas nacionais, reforça e evidencia a invisibilidade na formação profissional e pesquisas em saúde. Premente a promoção e proteção do direito à livre orientação sexual e identidade de gênero que auxiliará no enfrentamento às desigualdades sociais inerentes à saúde da população LGBTQIA+.