Beber e dirigir: associação com o nível de gravidade do trauma na atenção pré-hospitalar no município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Ribeiro Junior, Célio
Orientador(a): Souza Júnior, Paulo Roberto Borges de, Magalhäes, Mônica de Avelar Figueiredo Mafra
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49363
Resumo: As lesões decorrentes de acidentes de trânsito (AT) representam um quadro crítico de saúde pública, constituindo uma das principais causas de morbimortalidade no mundo além de resultarem em elevados custos sociais e econômicos. O crescente número de mortes no trânsito em todo o mundo também se reflete no Brasil, onde fatores associados ao acidente, especialmente o consumo de álcool ao dirigir e excesso de velocidade representam um grande peso sobre as mortes e gravidade das lesões geradas por essas ocorrências. O objetivo deste estudo é investigar a associação entre o indício de uso de bebida alcoólica por condutores de veículos automotores envolvidos em acidentes de trânsito e o nível de gravidade das lesões apresentadas por vítimas de AT atendidas pelo Grupamento de Socorro de Emergência e SAMU-Rio (GSE\SAMU-Rio) no município do Rio de Janeiro (MRJ) entre os anos 2012 a 2015. Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal e com abordagem quantitativa. Foram utilizados dados de atendimentos pré-hospitalares a acidentes de trânsito no MRJ registrados no Sistema de Informações de Socorro de Emergência Pré-hospitalar (SISEPH) entre 2012 e 2015. Para tratamento de variáveis do estudo que possuíam mais de 3% de valores ausentes foi realizado um procedimento de imputação múltipla de dados. Na análise espacial são apresentados mapas temáticos com a distribuição por bairros do número de AT, a proporção dos acidentes envolvendo condutores com indícios de uso de álcool e a proporção de acidentes com vítima em estado grave. Para descrever as características das vítimas de AT atendidas pela APH, foram calculadas as distribuições percentuais de todas as variáveis selecionadas para a análise de dados. Para analisar a associação entre o consumo de álcool e o nível de gravidade, foi ajustado um modelo de regressão logística para os dados de todas as vítimas incluídas no estudo, tendo como variável dependente a gravidade da lesão pela Escala de Trauma (Revised Trauma Score \2013 T-RTS) com valor \2264 11, e como variável independente, o indício de consumo de bebida alcoólica por algum condutor de veículo, controlando por todas as demais variáveis utilizadas no estudo. Foram analisados dados de 113.667 vítimas de acidentes de trânsito. A maior frequência de eventos foi observada nos bairros da Zona Oeste da cidade e alguns bairros da Ilha do Governador apresentaram grande proporção de acidentes envolvendo o uso de álcool. Aproximadamente 5% das vítimas de AT apresentaram trauma grave e cerca de 19% dos condutores apresentavam indícios de consumo de bebida alcoólica, sendo 2,6 vezes maior a chance de a vítima apresentar traumas graves quando o acidente envolvia condutores com indícios de uso de bebida alcoólica, mesmo controlando por todas as demais variáveis do estudo. Os resultados apresentados neste estudo reforçam a necessidade de se discutir novas estratégias para coibir a prática de dirigir veículos automotores após a ingestão de bebidas alcoólicas.