Influência de polimorfismos dos genes CYP17, CYP19 e NQO1 na sobrevida de mulheres com câncer de mama em um hospital de referência no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Souza, Alessandra Brandão de
Orientador(a): Vianna-Jorge, Rosane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/57491
Resumo: O câncer de mama é considerado um problema de saúde pública, sendo a neoplasia mais frequente em todo o mundo e a principal causa de morte por câncer entre as mulheres. É considerada uma doença heterogênea, com diversidade histológica e molecular, cuja caracterização é fundamental para a avaliação prognóstica e a escolha da conduta terapêutica. Dentre os fatores de risco, destaca-se a exposição ao estrogênio e seus metabólitos, que podem afetar também o prognóstico. Com relação às diferentes formas de exposição ao estrogênio, a obesidade pode ter uma contribuição, particularmente na pós-menopausa, já que nessa fase o tecido adiposo passa a ser a principal fonte de produção endógena de estrogênio. Além disso, é interessante considerar variações individuais de metabolismo que possam contribuir para maior síntese do estrogênio endógeno ou menor metabolização tanto do estrogênio endógeno quanto de seus análogos exógenos. Dentre as enzimas envolvidas no metabolismo do estrogênio destacam-se a CYP17, a CYP19 e a NQO1. O presente trabalho avaliou se os polimorfismos genéticos CYP17 (rs743572), CYP19 (rs700519) e NQO1 (rs1800566), relacionados à função dessas respectivas enzimas, afetam a sobrevida e o risco de recorrência em mulheres com câncer de mama não metastático. O estudo envolveu uma coorte de mulheres brasileiras com câncer de mama unilateral e não metastático, com indicação de cirurgia como primeira abordagem terapêutica, e que foram genotipadas para pelo menos um dos polimorfismos acima (n = 590). Os desfechos avaliados foram a sobrevida livre de doença e a sobrevida global. Os efeitos das variáveis foram avaliados pelo método de Kaplan-Meier e pela regressão de Cox. A coorte do estudo apresentou uma sobrevida global de 91,6% aos 5 anos e de 76,5% após 10 anos. A sobrevida livre de doença foi de 89,9% em 5 anos e 76,9% em 10 anos. Os polimorfismos rs743572 (CYP17) e rs1800566 (NQO1) não apresentaram influência significativa nas curvas de sobrevida global ou livre de doença, seja considerando a coorte inteira ou estratificada em função de cada uma das variáveis com influência prognóstica. O polimorfismo rs700519 (gene CYP19) também não apresentou efeito próprio detectável quando se analisou a coorte inteira. Entretanto, considerando-se apenas as mulheres que estavam na pré-menopausa no momento do diagnóstico, a presença dos genótipos variantes CT/TT, aparentemente causou uma redução de 85,3% para 53,8% na sobrevida global (P log-rank = 0,02) e de 80,2% para 59,8% na sobrevida livre de doença (P log-rank = 0,008). A análise univariada de regressão de Cox indicou as seguintes razões de risco em relação à presença dos genótipos variantes de rs700519: HR= 3,29 IC95% 1,06 – 10,23 para a sobrevida global e HR= 3,57 IC95% 1,30 – 9,76 para a sobrevida livre de doença. Entretanto, tais efeitos não se mantiveram estatisticamente significativos após ajuste para o estadiamento tumoral: HR = 2,41 IC95% 0,70 – 8,29 e HR = 2,88 IC95% 0,80 – 10,31, respectivamente. Apesar do aparente efeito, os dados não foram suficientes para confirmar o efeito do polimorfismo rs700519 (CYP19) na sobrevida global e sobrevida livre de doença em mulheres na prémenopausa.