O racialista vacilante: Nina Rodrigues sob a luz de seus estudos sobre multidões, religiosidade e antropologia (1880-1906)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Monteiro, Filipe Pinto
Orientador(a): Wegner, Robert
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24020
Resumo: Esta tese se concentra nos trabalhos científicos escritos por Nina Rodrigues, muitos dos quais ignorados ou esquecidos pela academia ao longo do século XX, que viveu em um tempo de incertezas, de caos administrativo, no momento de transição da Monarquia para a República. Membro da prestigiada Faculdade de Medicina da Bahia, Nina tornou-se voz ativa entre os seus pares exigindo reformas em diversas áreas da Medicina Pública. Exibiu seu desejo por uma centralização da máquina estatal, por uma ação intervencionista entre a população negra e mestiça, muito embora seu objetivo último fosse a construção de uma sociedade liberal e civilizada. Nina construiu sua trajetória profissional a partir, sobretudo, das áreas da medicina-legal e da etnografia afro-brasileira. Contudo, ele também foi o primeiro a investigar, no Brasil, manifestações coletivas complexas que desafiaram o conhecimento científico tradicional de meados dos oitocentos. A tese tenta desvendar o seu intricado pensamento, no qual por um lado, o racismo científico mantém-se como matriz de reflexão, mas por outro, é relativizado em diversos momentos, quando o autor entrevê na população híbrida brasileira não motivo para fatalismo, mas uma possibilidade para o progresso do país. Ao deparar-se com o fenômeno das multidões, para poder decifra-lo, o médico recorreu a uma bibliografia em quase sua totalidade estrangeira. Apelou a autores como o sociólogo Gabriel Tarde e o criminologista Scipio Sighele, que ofereciam explicações para a formação das coletividades sem recorrer a pressupostos do racialismo, tão valorizados por Nina. As coletividades anormais eram formadas, em sua maioria, por gentes de cor , uma população que precisava, na visão de Nina, ser resgatada dos níveis mais rudimentares de desenvolvimento, como o selvagerismo e o barbarismo, e alçada ao mais avançado, ocivilizatório.