Incidência e prevalência de hipertensão arterial na população do ELSA-Brasil: associações com raça/cor, discriminação racial e posição socieconômica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Mendes, Patrícia Miranda
Orientador(a): Chor, Dóra, Nobre, Aline Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27951
Resumo: O risco de desenvolver hipertensão arterial (HA) é maior entre pretos e pardos no Brasil e negros norte-americanos quando comparados aos brancos. Fatores econômicos, contextuais, e psicossociais com destaque para a discriminação racial são apontados como causas dessa desigualdade. No entanto, as causas da distribuição heterogênea da hipertensão arterial entre grupos definidos segundo raça/cor – construto social e produto de ideias historicamente estabelecidas - não está totalmente compreendida e estudos que esclareçam seus mecanismos são necessários, especialmente no Brasil. Esta tese é composta por dois artigos: o primeiro investigou a associação entre discriminação racial/raça e HA, e foram avaliados 14012 trabalhadores participantes da linha de base do ELSA-Brasil, estudo longitudinal que teve início em 2008. A classificação de raça/cor foi realizada pelo próprio participante e seguiu as categorias propostas pelo IBGE. HA foi definida por meio de critério padrão. A associação entre discriminação racial/raça e HA foi estimada por meio de regressão de Poisson com variância robusta e estratificada segundo categorias de sexo e IMC. Foram encontradas diferenças na razão de prevalência (RP) somente entre mulheres pardas que relataram e que não relataram discriminação racial, comparadas às brancas, no estrato de IMC<25kg/m2 . Dessa forma, embora exista diferença entre as estimativas pontuais das mulheres pardas que referiram ou não referiram discriminação, nossos resultados não foram suficientes para afirmar que existe associação entre a discriminação racial e HA. No segundo artigo da tese, foram investigadas a posição socioeconômica e/ou da discriminação racial como possíveis mecanismos de mediação na associação entre raça/cor e incidência de HA. Neste artigo foram avaliados 8370 participantes do ELSA-Brasil utilizando-se dados da primeira (2008-2010) e da segunda (2012-2014) etapa de coleta. A percepção de discriminação e a classificação de raça/cor e HA seguiram o mesmo padrão do primeiro artigo. Para representar a posição socioeconômica, uma variável latente foi construída, utilizando-se a escolaridade do participante, escolaridade da mãe e renda familiar per capita. Para a investigação do papel mediador da posição socioeconômica e discriminação racial na associação entre raça/cor e HA, utilizamos a modelagem de equações estruturais. Em relação aos efeitos diretos na HA, estimamos associações significativas apenas da PSE e do IMC. Quanto aos efeitos indiretos, foram observadas associações significativas entre raça/cor e HA somente com a mediação da PSE. O efeito total da raça/cor na HA foi positivo, assim como o efeito indireto total. De acordo com nossos resultados, a posição socioeconômica é um dos mecanismos mediadores da associação entre raça/cor e a HA incidente. Palavras-chave: Hipertensão, discriminação, cor, raça, estudos longitudinais