Biogênese e função dos corpúsculos lipídicos na infecção pelo vírus dengue

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Lima, Giselle Barbosa de
Orientador(a): Bozza, Patrícia Torres, Da Poian, Andrea Thompson
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5908
Resumo: A dengue, em termos de morbidade e mortalidade, é caracterizada como a principal arbovirose humana, sendo responsável pela infecção de milhares de pessoas nas regiões tropical e subtropical do mundo, causando a morte de adultos e crianças. Uma das razões para a ausência de abordagens terapêuticas adequadas se deve ao pouco conhecimento dos mecanismos moleculares envolvidos na interação do vírus dengue com as células hospedeiras. No entanto, evidências sugerem que a regulação de diferentes etapas do metabolismo celular desempenhe funções cruciais tanto na replicação viral quanto na resposta do hospedeiro à infecção. Estudos têm demonstrado que o acúmulo intracelular de lipídios em corpúsculos lipídicos – organelas citoplasmáticas dinâmicas e funcionalmente ativas – está associado a doenças de grande relevância para a saúde pública, incluindo a hepatite C. Além disso, foi observado que estas organelas desempenham funções não apenas na replicação do vírus da hepatite C, mas também na produção de partículas infecciosas; entretanto, o envolvimento dos corpúsculos lipídicos durante a infecção pelo vírus dengue ainda não foi avaliado. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi investigar a formação e função dos corpúsculos lipídicos durante a infecção pelo vírus dengue, com foco na interação com proteínas virais, na modulação da capacidade replicativa e/ou infecciosa do vírus e na geração aumentada de mediadores inflamatórios. Nossos resultados demonstraram um aumento no número de corpúsculos lipídicos em leucócitos isolados de pacientes com a forma grave da doença, bem como indução da biogênese destas organelas em diferentes tipos celulares infectados com distintos sorotipos do vírus dengue in vitro. A exposição de células ao vírus dengue inativado por aquecimento não promoveu a formação de corpúsculos lipídicos. Em paralelo à indução da formação destas organelas, em células infectadas in vitro, observamos um aumento na produção de PGE2. Adicionalmente, demonstramos que a proteína do capsídeo viral, bem como o MIF – mediador proinflamatório cuja concentração está diretamente correlacionada com a gravidade da doença – se encontravam colocalizados nos corpúsculos lipídicos durante a infecção. Por fim, observamos que a modulação da lipogênese e da formação de corpúsculos lipídicos, através do tratamento das células com as drogas C75 e triacsin C, afetaram a capacidade replicativa do vírus. Desta forma, os nossos resultados indicam que a infecção pelo vírus dengue promove a biogênese de corpúsculos lipídicos de uma maneira dependente das enzimas ácido graxo sintase e acil-CoA sintetase, uma vez que a inibição destas por drogas específicas leva ao bloqueio da formação destas organelas. Esta inibição também promove uma redução na replicação viral, propondo um papel dos corpúsculos lipídicos neste processo. Além disso, o aumento na geração de PGE2 induzido pelo vírus, bem como a localização do MIF e da proteína do capsídeo viral nestas organelas sugerem que os corpúsculos lipídicos atuem na produção aumentada de mediadores inflamatórios e na regulação temporária do processo viral. Assim, a modulação dos corpúsculos lipídicos pode vir a representar um potencial alvo terapêutico para o tratamento da dengue.