O território e as Redes Vivas de Saúde em uma comunidade flutuante no Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Portela, Ana Paula de Carvalho
Orientador(a): Schweickardt, Júlio Cesar
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33498
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo analisar a territorialidade e a produção de redes de saúde em uma comunidade flutuante denominada Catalão, localizada no município de Iranduba, Amazonas. Trata-se de um lugar composto por 111 casas flutuantes nas quais os moradores produzem redes vivas e existenciais neste território líquido, adaptando-se aos períodos de cheia e seca dos rios. Esta pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória, foi realizada em quatro etapas: mapeamento das casas-flutuante com o uso do GPS nos períodos de seca e cheia dos rios; identificação das famílias residentes na comunidade; entrevistas com moradores-chave; e entrevistas com profissionais de saúde que prestam assistência a esta população. Os moradores do Catalão vivenciam diariamente mudanças imposta pelo ciclo das águas, seguindo o fluxo dos rios e adaptando sua rotina aos movimentos constantes deste território líquido. Os períodos de seca afetam praticamente todos os aspectos da vida dos comunitários, sendo descrito como o que mais traz dificuldades, principalmente relacionadas à acomodação das casas-flutuante que precisam permanecer sobre as águas. O período de cheia permite que os moradores tenham facilidade quanto ao deslocamento dentro e fora da comunidade, uso da água e de atividades rotineiras. A comunidade é formada basicamente por pessoas com algum grau de parentesco que produzem redes de conexões que ultrapassam os laços consanguíneos, compondo vínculos que se estabelecem e se fortalecem nesta estreita malha de ligações que envolve trabalho, escola, religiosidade e lazer. Quanto à saúde, são atores que atuam na construção de suas próprias redes de cuidados, estabelecendo diferentes conexões que extrapolam os limites geográficos impostos. Embora estejam vinculados a uma equipe da Estratégia Saúde da Família pertencente a Iranduba, não têm recebido uma assistência contínua e resolutiva da equipe, por isso, recorrem à unidade de saúde mais próxima, em Manaus, buscando atender suas necessidades de saúde. A realidade vivenciada por esta comunidade é apenas uma pequena mostra da realidade do mundo ribeirinho e dos vários territórios líquidos que marcam a Amazônia. Nesse sentido, buscamos refletir como construir políticas públicas de saúde específicas para um território com as caraterísticas dessa comunidade flutuante. Estudos semelhantes a este podem ser ampliados e com proposição de estratégias de enfrentamento destes e outros desafios vivenciados por esta população.