O atendimento a crianças vítimas de abuso sexual: avaliação de um serviço público

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: Ferreira, Ana Lúcia
Orientador(a): Souza, Edinilsa Ramos de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4419
Resumo: Objetivando avaliar um serviço de saúde destinado ao atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, tomou-se como objeto de estudo a atenção às situações de abuso sexual. O serviço avaliado foi o Ambulatório da Família (AF), do IPPMG/UFRJ, em atividade desde 1996. Realizou-se pesquisa de cunho quantitativo e qualitativo, utilizando-se a triangulação de métodos como estratégia de avaliação. Foram incluídos na pesquisa 129 crianças e adolescentes envolvidos em situações de abuso sexual, atendidos entre abril de 1996 e setembro de 2000. Os dados quantitativos foram obtidos a partir dos prontuários dos pacientes, e os qualitativos através das seguintes técnicas: leitura de documentos do serviço (relatórios e atas de reuniões); observação participante nas reuniões semanais da equipe; sessões de grupo focal com a equipe do AF; entrevistas semi-estruturadas com profissionais do IPPMG e de outras instituições; entrevistas semi-estruturadas com responsáveis por pacientes incluídos na pesquisa. A análise dos dados quantitativos foi estritamente descritiva, e a análise de conteúdo foi utilizada para sistematizar e interpretar as informações obtidas através das entrevistas. As vítimas eram predominantemente do sexo feminino (70,5%) e situadas na faixa etária entre 2 e 10 anos de idade (81,7%). Em 47,3% das situações, o abuso foi intrafamiliar, sendo a manipulação da genitália da vítima o tipo de contato sexual mais freqüente (31%). Constatou-se a pouca disponibilidade de profissionais das áreas de psicologia e de serviço social, e a precária integração do serviço com os demais recursos institucionais da rede. O número médio de consultas, por paciente, foi de 4,7. O acompanhamento foi regular para 58% dos pacientes, em um tempo médio de 10,9 meses. A equipe tem limitações para desempenhar seu trabalho, especialmente em razão de problemas cujas soluções não estão no seu âmbito de competência. Houve 5,9% de reincidência do abuso em pacientes sob acompanhamento, e o índice de abandono foi de 63,6%. Os resultados alcançados com o trabalho da equipe foram considerados satisfatórios, e sua avaliação foi prejudicada pela inexistência de metas programáticas do serviço, assim como pela indefinição de parâmetros para avaliar a evolução dos casos. Conclui-se que o AF atingiu parcialmente seus objetivos, havendo necessidade de sistematizar o registro dos prontuários, rever rotinas de atendimento, proceder estudos para compreender os motivos do elevado índice de abandono, planejar treinamento sobre abuso sexual envolvendo amplamente os profissionais do IPPMG, e implementar parcerias com instituições afins.