Agrocombustíveis, justiça ambiental e saúde: o caso da segurança alimentar em Goiás

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Ferreira, Hugo de Carvalho
Orientador(a): Barata, Martha Macedo de Lima, Saores, Wagner Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37309
Resumo: Diante das crises energética e ambiental, vem-se impulsionando a produção de agrocombustíveis no mundo, sendo estes uma suposta solução por ser uma energia renovável, limpa e menos emissora de gases de efeito estufa. Nesse panorama, o Brasil desempenha um papel central devido à disponibilidade de terras agricultáveis e clima favorável. No entanto, uma série de controvérsias vem ganhando força por conta dos impactos ambientais, sociais e à saúde, sendo um dos pontos mais críticos a questão da competição por alimentos – a qual o Plano Nacional de Agroenergia (PNA) defende que não haverá impactos. Dito isso, o presente trabalho tem como objetivo investigar em que medida a expansão dos agrocombustíveis pode estar impactando a produção de alimentos e contribuindo negativamente para a segurança alimentar. No primeiro capítulo, faz-se uma revisão dos principais impactos ambientais e à saúde, com foco na cultura da cana-de-açúcar. Em seguida, apresenta-se as distintas correntes ambientalistas e seus posicionamentos diante dos agrocombustíveis, buscando uma aproximação entre a justiça ambiental e o campo da saúde. Por fim, faz-se um estudo de caso no estado de Goiás, visando uma compreensão dos possíveis impactos sobre a produção de alimentos em razão da expansão recente de cana-de-açúcar neste estado. Conclui-se que, no estado de Goiás, a expansão da cana-de-açúcar vem sendo responsável por: 1) substituição de áreas cultivadas, sobretudo o arroz; 2) transformação dos modos de produção familiar ou camponesa em modos mais intensivos em tecnologia, criando riscos ambientais e à saúde. Em suma, vê-se acontecer a expansão de um modelo de agricultura voltada para a produção de combustíveis e mais dependente de insumos e tecnologias, na contra-mão de uma agricultura local e voltada para o abastecimento, reforçando umalógica onde os recursos ambientais são canalizados para a satisfação do mercado, em detrimento dasdemandas da população como um todo.