Avaliação comparativa da microbiota de interesse em saúde pública de aves marinhas migratórias e residentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Cardoso, Maíra Duarte
Orientador(a): Siciliano, Salvatore
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27013
Resumo: Foram pesquisadas e caracterizadas bactérias de interesse em saúde pública em aves marinhas, com ênfase na detecção de diferenças de frequência entre aves migratórias e residentes no litoral brasileiro, uma vez que as aves migratórias podem contaminar o ambiente com espécies microbianas exóticas. Foram coletados, em duplicata, swabs cloacais ou de fezes, e em alguns casos, orais, oculares, traqueais e de lesões, de 122 aves marinhas, sendo 51 não arribadas e residentes; 50 arribadas e residentes; e 21 arribadas e migratórias. Vibrio sp., Aeromonas sp., Salmonella sp. e outras enterobactérias foram identificadas por métodos bioquímicos. Os perfis antigênicos de Vibrio cholerae e Salmonella sp. foram identificados por soroaglutinação; a caracterização do perfil de susceptibilidade das cepas, por difusão de disco em ágar; a detecção de genes de virulência de Vibrio sp. e Aeromonas sp. e de genes de resistência a quinolonas de Salmonella sp., por reação em cadeia da polimerase (PCR); e a identificação dos perfis de Salmonella sp., por eletroforese em gel de campo pulsado (PFGE). Foram identificadas bactérias de importância em saúde pública, como Vibrio sp. (41%), Aeromonas sp. (21%); e Salmonella sp. (7%). Também foram identificadas outras enterobactérias, sendo Escherichia coli a espécie mais frequente (70%). Foram observadas diferenças entre aves marinhas residentes e migratórias, como o gênero Vibrio e a espécie V. cincinnatiensis, significativamente mais frequentes em aves migratórias. A maioria das cepas multirresistentes a antimicrobianos foi identificada em aves residentes. Genes de virulência foram detectados em cepas de Aeromonas sp. isoladas a partir de aves residentes e migratórias. Alguns achados importantes se destacaram: a primeira descrição de S. enterica Panama em aves marinhas; a totalidade de cepas de Salmonella resistentes, ou pelo menos intermediárias, aos antimicrobianos testados (com ênfase para a resistência a quinolonas); alta frequência de resistência à cefoxitina em Aeromonas sp.; e a resistência ao imipenem em todas as espécies bacterianas avaliadas. O PFGE sugeriu que os perfis de S. enterica Panama e Newport encontrados ainda não se encontram disseminados no Brasil e que o perfil de S. enterica Typhimurium já esteja disseminado; assim, as aves marinhas podem ser um importante elo da cadeia epidemiológica deste sorovar. O trabalho demonstrou a importância do monitoramento de bactérias em aves marinhas, tanto residentes quanto migratórias, para a detecção precoce de bactérias potencialmente zoonóticas ou que possam ser transmitidas por alimentos ao homem.