Dinâmica da infecção pelo SARS-CoV-2 em uma população de crianças e seus contactantes domiciliares em uma favela do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lugon, Pâmella Nowaski
Orientador(a): Brasil, Patrícia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49205
Resumo: Introdução: Até julho de 2021, mais de 180 milhões de casos de doença pelo novo coronavírus de 2019 (COVID-19) foram notificados no mundo. O Brasil responde por 10% destes casos e o Rio de Janeiro ocupa a segunda posição em número total de óbitos. Quando infectadas pelo novo coronavírus de 2019 (SARS-CoV-2), crianças, na maioria dos casos, são assintomáticas ou apresentam sintomas leves. Somando-se isto à tendência de crianças aderirem menos às práticas de higiene pessoal e distanciamento social, elas poderiam representar uma fonte subestimada de transmissão do SARS-CoV-2. Compreender o papel de crianças na dinâmica de transmissão do SARS-COV-2 é de suma importância para estabelecer diretrizes de reabertura segura de escolas e outros espaços públicos para crianças. Objetivo: Investigar a dinâmica da infecção pelo SARS-CoV-2 em uma população de menores de 14 anos e seus contactantes domiciliares moradores de uma favela urbana no Rio de Janeiro. Métodos: Foi realizado o recrutamento de crianças e adolescentes menores de 14 anos durante visita a uma clínica de atenção primária. Após consentimento, foram realizados ensaios de RT-PCR e sorologia (dosagem de IgG por CLIA) para SARS-CoV-2 nos menores de 14 anos e em seus contactantes domiciliares. Os participantes foram acompanhados prospectivamente, através de visitas domiciliares realizadas na Comunidade de Manguinhos, com coleta de material após 1, 2 e 4 semanas após o recrutamento. Após este período, foram agendadas coletas trimestrais. Resultados: Foram recrutados, de maio a setembro de 2020, 667 participantes agrupados em 259 domicílios. Destes participantes, 323 eram crianças (0 - 13 anos), 54 adolescentes (14 - 19 anos) e 290 adultos. Quarenta e cinco (13,9%) crianças foram RT-PCR positivo para SARS-CoV-2. A infecção por SARS-CoV-2 foi mais frequente em crianças <1 ano (25%) e em adolescentes com 11-13 anos (21%). Nenhuma criança apresentou sintomas graves de COVID-19. A infecção assintomática foi mais prevalente em crianças com <14 anos de idade do que naquelas com > 14 anos (74,3% e 51,1%, respectivamente). Nos menores de 14 anos, foi encontrada uma prevalência de 32,5% de infecção prévia (IgG+ em 79/243 amostras). Todas as crianças (N = 45) com diagnóstico de infecção por SARS-CoV-2 tiveram pelo menos um contactante adulto com evidência de infecção recente. Conclusões: No cenário estudado, as crianças não pareceram ser a fonte de infecção por SARS-CoV-2 e mais frequentemente adquiriram o vírus através de adultos. Estas descobertas sugerem que em locais como esse, no período estudado, escolas e creches poderiam ser reabertas com segurança se medidas de mitigação de COVID19 adequadas estiverem em vigor e a equipe devidamente imunizada.