Efeitos neurotóxicos dos agrotóxicos organofosforados e o sistema de regulação estatal: da dúvida científica à ocultação de perigo para a saúde humana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Gurgel, Aline do Monte
Orientador(a): Augusto, Lia Giraldo da Silva
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26793
Resumo: Nos últimos anos o Brasil se estabeleceu como um dos maiores produtores de commodities agrícolas como soja, milho, café e açúcar. Este modelo depende do uso de insumos químicos tornou o país um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, sendo os organofosforados um dos grupos mais utilizados. Apesar da importância epidemiológica, magnitude e da elevada frequência de manifestações neurotóxicas decorrentes da exposição a agrotóxicos, legalmente estas não constituem um fator indicativo para o banimento no Brasil. Este estudo buscou identificar a associação entre os agrotóxicos organofosforados e a ocorrência de transtornos extrapiramidais em humanos, problematizando a inclusão dos efeitos neurotóxicos na regulação desses compostos por meio de uma revisão sistemática com aplicação de metasumário como abordagem analítica. Foram identificados 173 artigos, dos quais 37 foram selecionados para compor o corpus da pesquisa. Os resultados evidenciaram que a exposição a agrotóxicos organofosforados pode provocar transtornos extrapiramidais em humanos, indicando como possíveis mecanismos de ação o desequilíbrio entre a AChE e a dopamina, a neuroinflamação mediada pela micróglia, o estresse oxidativo e a perda seletiva de neurônios dopaminérgicos, podendo haver um componente genético que influencia a suscetibilidade individual. Os estudos experimentais forneceram uma base biológica para os achados epidemiológicos, fortalecendo a conexão mecanística entre as exposições e os transtornos extrapiramidais. O levantamento da legislação vigente evidenciou um ocultamento dos riscos das manifestações neurotóxicas ao não considerá-las adequadamente no processo de registro e reavaliação de agrotóxicos no país. A revisão sistemática com análise triangulada fortaleceu os achados obtidos individualmente, surgindo como uma alternativa ao modelo tradicionalmente adotado. O estudo aponta a necessidade de estruturação de uma toxicologia crítica nos processos de avaliação de risco.