Ocorrência de Leishmania infantum em sistema nervoso central de cães naturalmente infectados: lesões associadas e isolamento parasitológico de tecidos e líquor

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Oliveira, Valéria da Costa
Orientador(a): Menezes, Rodrigo Caldas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/25391
Resumo: A leishmaniose visceral zoonótica (LVZ) é causada pelo protozoário Leishmania infantum (sin. L. chagasi) e alterações histológicas atribuídas à infecção por esse parasito já foram relatadas em diferentes tecidos do sistema nervoso central (SNC). Entretanto, ainda não há relatos do isolamento do parasita nestes tecidos em cães do Brasil. Os objetivos deste estudo foram avaliar a ocorrência de L. infantum em diferentes tecidos do SNC e no líquor e identificar alterações histológicas associadas a esse parasito nesses tecidos em cães naturalmente infectados. Foi estudada uma amostra de 50 cães soropositivos para Leishmania no ensaio imunoenzimático (ELISA) e imunocromatografia de duplo percurso (DPP®), provenientes do município de Barra Mansa. Estes animais foram submetidos à eutanásia e necropsia, sendo coletados: líquor, amostras teciduais de cérebro, cerebelo, tronco encefálico, medula espinhal e baço. O líquor e amostras teciduais foram submetidos à cultura parasitológica e qPCR. Amostras de cada tecido do SNC e baço foram fixadas em formalina tamponada a 10% e processadas pelas técnicas de imuno-histoquímica, hibridização in situ e histopatologia. As amostras de baço foram submetidas somente às técnicas de imuno-histoquímica e histopatologia. Adicionalmente, 37 amostras de líquor foram submetidas ao teste DPP®. Sinais clínicos neurológicos foram observados em dois cães (4%): um apresentava paraparesia e o outro ataxia e desorientação Todos os cães apresentaram positividade para L. infantum em SNC em pelo menos uma das técnicas utilizadas. Formas amastigotas foram identificadas em tronco encefálico e medula espinhal cervical em apenas um cão (2%) pelas técnicas histológicas. Formas viáveis de L. infantum foram isoladas no líquor, encéfalo e medula espinhal de treze animais (26%). Anticorpos anti- L. infantum foram detectados no líquor de 65% dos cães. As alterações histológicas inflamatórias em SNC foram observadas em dezesseis animais (32%) e foram caracterizadas por: meningite em treze animais (81%), manguito perivascular em sete (44%), coroidite em quatro (25%), encefalite em dois (12%) e mielite em um animal (6%). Na técnica de qPCR foi observado que encéfalo apresentou a maior frequência de positividade (98%) para L. infantum, seguido da medula espinhal (96%) e líquor (51%). A maior carga parasitária de L. infantum foi observada na medula espinhal (mediana de 1,996 gEq/ng), seguida do líquor (mediana de 0,712 gEq/ng) e encéfalo (mediana de 0,075 gEq/ng). A carga parasitária no baço foi correlacionada positivamente à carga parasitária de encéfalo (p=0,005) e medula espinhal (p=0,006). Esses resultados demonstraram que L. infantum é comum no SNC de cães naturalmente infectados por esse parasito. Portanto, esse parasito é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e causar alterações inflamatórias no SNC, que não estão necessariamente associadas a sinais clínicos neurológicos