Identificação dos arbovírus causando meningite viral em um hospital de referência de Salvador

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Dias, Tamiris Tatiane
Orientador(a): Silva, Luciano Kalabric
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/28040
Resumo: Classicamente, o vírus mais frequentemente detectado nos casos de meningite é o Enterovirus (EV). Recentemente, diferentes arbovírus surgiram e se tornaram endêmicos no Brasil, causando principalmente doenças febris agudas, no entanto, manifestações neurológicas também foram relatadas. OBJETIVO: Este estudo teve como objetivo investigar quais os vírus envolvidos na etiologia da meningite e a contribuição dos arbovírus circulantes em Salvador, Bahia, Brasil. MÉTODOS: De junho de 2014 a fevereiro de 2016, 170 pacientes com suspeita de meningite viral foram identificados por meio de vigilância diurna ativa no Hospital Couto Maia (HCM), Salvador-BA, Brasil. Dados demográficos e médicos foram coletados por meio de entrevista e revisão de prontuários. Amostras de líquido cefalorraquidiano (LCR) foram investigadas para possível etiologia viral por detecção direta de ácido nucléico viral: reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa (RT-PCR) para diferentes arbovírus: vírus da dengue (DENV), zika vírus (ZIKV) e vírus da chikungunya (CHIKV) e para o EV; e PCR para herpes simples I / II (HSV I/II), vírus varicela zoster (VZV), vírus Epstein-Barr (EBV) e citomegalovírus (CMV). Além disso, o ELISA foi realizado para detecção de antígeno DENV IgM e NS1, ZIKV IgM e CHIKV IgM. RESULTADOS: Os dados demográficos incluem distribuição semelhante entre os gêneros, maioria afrodescendente, com idade variando de 0 a 73 anos e residente na Grande Salvador. Trinta e quatro pacientes foram positivos para PCR ou ELISA para pelo menos um dos vírus estudados (prevalência global de 20,0%), dos quais arbovírus foram responsáveis por 76,5%. O DENV foi o agente mais frequentemente detectado (13 casos; 7,6%). Destes, 8 (4,7%) eram DENV1, 2 (1,2%) DENV3 e 3 (1,8%) DENV4. Também detectamos 6 (3,5%) casos de CHIKV. Apenas 98 amostras estavam disponíveis para o ELISA de ZIKV e 7 (7,1%) foram positivas. Quatro casos (2,4%) de coinfecção viral foram detectados: DENV1 + CHIKV, DENV1 + EV, DENV4 + ZIKV e CHIKV + ZIKV. Entre as meningites não arbovirais, a etiologia mais comum foi o EV (11 casos; 6,5%). Apenas 107 amostras estavam disponíveis para testar os HHV e um (0,9%) foi PCR positivo para o VZV. Não foram detectados casos de DENV2, HSV I/II, EBV e CMV. Todas as amostras testadas por ELISA para DENV IgM, antígeno NS1 e para CHIKV IgM foram negativas. A prevalência geral de meningite viral não foi associada a nenhum histórico médico, características clínicas ou hospitalares, exceto a rigidez do pescoço e uma amostra de líquido cefalorraquidiano apresentando aspecto ligeiramente turvo ou turvo. Os arbovírus, como um grupo, estavam associados apenas à rigidez do pescoço. Ter uma amostra de LCR apresentando um aspecto ligeiramente turvo ou turvo e mais de 5 células/mm³ foram variáveis estatisticamente significativas nos casos do ZIKV. Ter ≤15 anos de idade, uma amostra de LCR apresentando um aspecto ligeiramente turvo ou turvo e mais de 100 células/mm³ foram variáveis estatisticamente significativas nos casos EV. Não houve associação entre as características estudadas e o DENV, CHIKV ou VZV. CONCLUSÕES: Os arbovírus foram responsáveis pela maioria dos vírus identificados entre os pacientes com suspeita de meningite viral. Em áreas onde eles são endêmicos, é crucial aumentar a vigilância viral e considerá-los no diagnóstico diferencial de meningite.