Reforma psiquiátrica, transformações e limites nos modos de lidar com as situações de crise: uma análise a partir das experiências de dois serviços de atenção psicossocial do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Costa, Monica Silva da
Orientador(a): Amarante, Paulo Duarte de Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/5484
Resumo: A dissertação trata das transformações e limites nos modos de lidar com as situações de crise na Reforma Psiquiátrica, a partir de dois serviços de atenção psicossocial: um Hospital-dia e um Centro de Atenção Psicossocial. O trabalho problematiza a própria noção de crise como expressão utilizada para nomear experiências singulares diversas e que tem implicações nos modos de viver essas experiências. As situações de crise/surto foram tomadas como analisadoras das relações com a loucura e das “novas” práticas em saúde mental e atenção psicossocial por constituírem o principal motivo pelo qual as pessoas ingressam no circuito psiquiátrico ou na rede de saúde mental e um desafio para os profissionais, sendo apontado na literatura como momento de máxima simplificação de questões sociais, culturais e existenciais das pessoas atendidas numa situação configurada como de emergência psiquiátrica. A formulação das questões da pesquisa, as análises das entrevistas e a observação participante no cotidiano dos serviços basearam-se no Referencial Teórico da Genealogia de Michel Foucault, nos teóricos da Reforma Psiquiátrica Italiana, nas análises de Amarante (1995, 1996) sobre a Reforma Psiquiátrica Brasileira, e outros autores, tais como Castel (1997) e Certeau (1994). Quanto às dificuldades para lidar com as situações de crise, desconstruindo e problematizando a necessidade do manicômio e da internação, os profissionais sentem mais limites em algumas situações específicas: quando o usuário está recentemente vinculado ao serviço, quando ele e/ou sua família ainda possuem forte referência no hospital como recurso ou quando freqüenta pouco o serviço. Foi possível analisar como a concepção dos profissionais sobre o serviço tem implicações nos modos de lidar com as situações de crise. Existe menor transformação no lidar com as experiências de maior intensidade expressa, cujo destino para a internação não é raro. O fato dos serviços estarem ainda mais voltados para o seu interior, com uma rede precária e um trabalho territorial reduzido atravessa significativamente as situações de crise e coloca limites às transformações nesse sentido. Por fim, nota-se a necessidade permanente de reflexão ética e política sobre o lugar social da loucura e o modo como as práticas de atenção psicossocial vêm se construindo.